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Inovações em 2025: o impacto da transformação tecnológica no mercado e no cotidiano segundo colunistas do GazzConecta
A transformação tecnológica está redesenhando a realidade de empresas, governos e indivíduos. Em 2025, ela tende a ganhar ainda mais força, de acordo com tendências apontadas por Allan Costa, Cris Alessi, João Kepler, Luciano Döll, Marcelo Gripa e Thiago Muniz, colunistas do GazzConecta. A partir de suas experiências, eles revelam as inovações que vão moldar os próximos meses e os desafios que surgem para quem busca se manter à frente. De plataformas de negócios a soluções sustentáveis e inteligência artificial, suas perspectivas trazem uma visão clara do que o futuro já está reservando para todos.
Negócios: João Kepler aponta caminhos para 2025
O modelo tradicional de negócios já não acompanha as demandas do mercado atual e é preciso estar atento às transformações para o futuro, aponta João Kepler, um dos maiores investidores do Brasil. Ele afirma que as tendências indicam uma revolução centrada no equity, no qual o verdadeiro valor está na criação de plataformas de negócios escaláveis que integram camadas de serviços. Ele observa que o foco não está mais apenas na venda de produtos ou serviços, mas na construção de ecossistemas capazes de gerar recorrência e aumentar o valuation das empresas.
Para ele, é essencial ir além do óbvio para identificar oportunidades escondidas. "O jogo mudou: quem não olhar para colaboração, diversificação de receitas, criação de comunidades e reinvenção de modelos de negócio será apenas espectador do sucesso alheio", diz.
A transformação nos negócios que vem com a IA
Ainda nas empresas, a IA generativa começará a atuar no processo decisório, oferecendo insights estratégicos que poderão revolucionar as suas operações. É nisso que acredita Thiago Muniz, autor do best-seller "Receita Previsível" e CEO da Receita Previsível Consultoria. "Mas isso não significa que humanos se tornarão obsoletos. Pelo contrário, habilidades como empatia, ética e criatividade serão cada vez mais valorizadas", afirma.
“Seremos os responsáveis por treinar a IA para compreender contextos emocionais e adaptar suas respostas, garantindo equilíbrio entre tecnologia e humanidade. O futuro não pertence apenas à IA, mas àqueles que sabem como usá-la para criar impacto positivo", diz.
Já para o palestrante, escritor, e um dos principais nomes do ecossistema de inovação do Brasil, Allan Costa, a integração entre inteligência artificial e operações empresariais será ainda mais profunda, com ferramentas personalizadas para atender demandas específicas de setores como saúde, finanças e educação.
Luciano Döll, cofundador e CEO da inbix, plataforma de inovação corporativa, acredita que introduzir o conceito da "era dos agentes" nas discussões sobre futuro, inovação e sociedade é fundamental, uma vez que ela redefine a interação entre tecnologia e humanidade, já que representa o avanço de sistemas autônomos, baseados em inteligência artificial, que executam tarefas, tomam decisões e interagem com humanos de forma proativa e eficiente.
Ele explica que esses sistemas representam o próximo passo da transformação tecnológica. “Daqui pra frente, o agente será o novo app. Num exemplo, se o desafio do Nubank foi colocar um banco no bolso das pessoas, o próximo propósito será ter um assistente financeiro, dotado de autonomia e inteligência”, comenta.
Cris Alessi compartilha da mesma visão. Para a consultora de inovação e transformação digital, palestrante e diretora de projetos da Fundação da Universidade Federal do Paraná (FUNPAR), os agentes de inteligência artificial não apenas aprenderão, mas também vão planejar e executar tarefas com níveis inéditos de eficiência. "APIs avançadas estão permitindo automação em quase todos os setores, desde atendimento ao cliente até operações industriais complexas", comenta.
Além disso, ela ressalta o poder da IA generativa na personalização de serviços. "Os agentes de IA estão redefinindo como interagimos com a tecnologia e abrindo um mundo de oportunidades para empresas e indivíduos. Qualquer pessoa ou organização pode criar agentes personalizados, baseados em seus comportamentos e para atender necessidades específicas", diz.
Por sua vez, o cofundador da Futuros Possíveis, o jornalista Marcelo Gripa, enxerga na IA o motor principal da inovação empresarial, mas faz um alerta. “Passado o hype da IA generativa, as empresas precisarão mostrar eficiência prática no uso dessas soluções para resolver problemas de negócios e gerar lucratividade, justificando os investimentos na área”. Ele também ressalta o impacto que os agentes de IA terão ao realizar tarefas específicas sem intervenção humana, trazendo mais produtividade para as organizações.
Tecnologias emergentes: integração e inovação
A aceleração da transformação tecnológica será um dos pilares de 2025, impulsionada por tecnologias emergentes. Luciano Döll destaca três componentes básicos que vão evoluir de modo independente daqui pra frente, mas, sobretudo, integrados: código, dados e Large Language Models (LLMs), os grandes modelos de linguagem, como é o caso do ChatGPT. O avanço das tecnologias no-code e low-code torna os códigos mais acessíveis, permitindo que "não programadores" também inovem. Além disso, a redução dos custos de coleta de dados possibilita rastrear e analisar informações em tempo real.
Para Cris Alessi, a transformação digital não é mais uma opção, mas uma necessidade para empresas que buscam permanecer competitivas. "Em 2025, tecnologias como nuvem, inteligência artificial e hiperautomação estarão sendo adotadas em setores tão variados quanto agricultura, educação e serviços financeiros, diz.
Ela também menciona a crescente adoção de plataformas de simulação e gêmeos digitais. Esses instrumentos permitem otimizar processos e prever cenários "de fábricas a cidades inteligentes" - e esta é uma tendência cada vez mais integrada aos modelos de negócios.
"Os gêmeos digitais estão transformando a maneira como planejamos e gerimos sistemas e ecossistemas complexos", observa. A transformação tecnológica também impacta o setor de manufatura. Na Indústria 5.0, a colaboração entre humanos e máquinas é uma prioridade e tecnologias como Internet das Coisas (IoT) e IA estão impulsionando a personalização e a automação em tempo real. A digitalização industrial está remodelando cadeias de suprimentos, operações e o futuro do trabalho", comenta a colunista do GazzConecta.
Avanços tecnológicos: robôs, mobilidade autônoma e computação quântica
Em 2025, as inovações não vão se limitar à IA e aos gêmeos digitais. A evolução de robôs de uso geral e a mobilidade autônoma também marcarão o ano, com robôs multifuncionais e veículos autônomos revolucionando tarefas domésticas, industriais e logísticas.
"Soluções autônomas já se tornaram comuns. Os robôs de uso geral e a mobilidade autônoma estão deixando de ser conceitos futuristas para se tornarem realidades acessíveis", diz Alessi. Ela ainda cita que, no setor de saúde, inovações em IA e biotecnologia, como bioimpressão e regeneração de tecidos, além do monitoramento remoto, estão ampliando as possibilidades dos cuidados médicos e tornando a área mais proativa e centrada no indivíduo.
Por fim, quanto às tecnologias emergentes que estão quebrando paradigmas, a consultora em inovação cita que os avanços significativos na computação quântica. Segundo ela, empresas como Google, IBM e NVIDIA estão liderando uma nova era na computação, impulsionada por processadores quânticos mais estáveis e acessíveis, capazes de resolver problemas antes impossíveis para a tecnologia tradicional.
Neste ano, ela diz, possivelmente poderá ser vista a consolidação de sistemas híbridos, que integram a computação quântica e clássica, marcando avanços em logística, a descoberta de medicamentos, a acuracidade das previsões climáticas e, especialmente, o avanço na segurança cibernética, com a criptografia quântica emergindo como um escudo contra ameaças futuras. "Esses avanços inauguram uma nova era de supercomputação, que promete avanços exponenciais em inovação e resolução de desafios globais".
Sustentabilidade como pilar de inovação
Cris Alessi ainda aponta para a sustentabilidade como um dos principais pontos de atenção mundial em 2025. Para ela, o tema se consolidará como um pilar central para a inovação tecnológica, refletindo uma transição para um futuro mais verde e responsável.
Ela destaca que a transição para fontes de energia renovável está "em pleno vapor", com a adoção crescente de tecnologias como energia solar, eólica e hidrogênio verde, impulsionada por avanços no armazenamento de energia e captura de carbono. Além disso, ela diz, a economia circular está ganhando força como um modelo de produção sustentável, no qual resíduos são minimizados e recursos são reaproveitados.
Allan Costa aponta que a sustentabilidade irá "superar os modismos do ESG" e se consolidar como uma prioridade nas inovações tecnológicas. Ele destaca o avanço das tecnologias voltadas para energias renováveis e captura de carbono, trazendo "caráter tangível e aplicável" às iniciativas sustentáveis, ao contrário das abordagens do ESG 1.0.
Baterias de estado sólido e novas formas de armazenamento de energia estão prometendo melhorias em "veículos elétricos e redes de energia limpa", enquanto materiais recicláveis e biodegradáveis substituem componentes industriais tradicionais. No campo da cibersegurança, soluções baseadas em IA irão fortalecer a proteção contra ameaças, especialmente com o aumento do uso de "criptografia quântica e blockchain".
Esses avanços não apenas promovem maior competitividade para as empresas, mas também oferecem a chance de criar modelos de negócios mais "sustentáveis e resilientes", adaptados às demandas de um mundo cada vez mais consciente dos desafios ambientais.
Marcelo Gripa, no entanto, alerta para os efeitos dos avanços da inteligência artificial. Segundo ele, embora a transformação tecnológica tenha impactos positivos, a questão do impacto ambiental permanece. Ele observa que o debate se desenha em torno da responsabilidade dessa tecnologia, especialmente devido ao alto consumo de energia necessário para processar dados em alta velocidade, o que contribui para o aquecimento global.
"O desenvolvimento e avanço da inteligência artificial consomem muita energia devido à necessidade de processar dados em alta velocidade, o que contribui para aquecer ainda mais o planeta que já teve o seu ano mais quente da história em 2024", comenta.
Cidades inteligentes e o papel da inovação
E qual será o impacto da transformação tecnológica no dia a dia das cidades? De acordo com Beto Marcelino, fundador do iCities, entidade responsável pelo segundo maior evento de cidades inteligentes do mundo, que acontece anualmente em Curitiba (PR), a gestão pública tem o desafio de se adaptar à utilização de usar novas tecnologias, especialmente para pequenas e médias cidades, que representa 80% dos municípios brasileiros.
Mas ele acredita que a mentalidade dos gestores públicos está mudando conforme os avanços ficam mais aparentes, sobretudo com as mudanças provocadas pela inteligência artificial generativa. Para ele, os gestores públicos estão começando a ver a tecnologia como solução para problemas urbanos. "Eles começam a olhar definitivamente para o uso dessas ferramentas como auxílio nas soluções dos problemas urbanos", diz.
Marcelino vê uma grande oportunidade para startups e o mercado de software, mesmo em cidades pequenas, para resolver questões como qualidade de água, ar e transporte público. "É possível identificar isso com o uso da tecnologia e então prevenir outros problemas maiores, como calamidades ou emergências climáticas, explica.
Ele também destaca o aumento da atenção para as questões sociais, como o acolhimento de pessoas em situação de rua, especialmente diante das mudanças climáticas. "A vulnerabilidade dessa população diante de mudanças climáticas, como enchentes e frio extremo, é ainda mais grave", conclui.
Por fim, Marcelino destaca soluções avançadas como a Muralha Digital de Curitiba, que está sendo expandida para diferentes áreas da cidade. O sistema, formado por câmeras públicas e privadas, visa fortalecer a segurança da capital paranaense, auxiliando na proteção de estabelecimentos comerciais contra invasões e assaltos.
Segundo ele, uma rede conectada e ativa, com o apoio de associações comerciais e federações de comércio, é essencial para enfrentar crimes violentos nos grandes centros. Ferramentas como câmeras inteligentes contribuem para a coleta de dados e a tomada de decisões estratégicas, desde que acompanhadas de acordos e regulamentações adequados para garantir seu uso efetivo.
Marcelino ainda ressalta que, embora ninguém deseje a invasão de privacidade, é fundamental que o uso dessas tecnologias seja planejado estrategicamente e alinhado às regulamentações, para beneficiar os usuários.
2025: o ano em que inovações e transformações poderão moldar o futuro
Embora seja difícil prever como será o futuro, a transformação tecnológica que vem ganhando forma - e se intensifica em 2025, segundo as análises dos colunistas do GazzConecta - promete não apenas revolucionar setores essenciais, como saúde, educação e energia, mas também redefinir modelos de negócios, impulsionando a criação de ecossistemas colaborativos e resilientes.
Enquanto os desafios da digitalização colocam a eficiência e a escalabilidade no centro das discussões, o elemento humano permanece indispensável. Habilidades como ética, criatividade e empatia, como apontadas por Thiago Muniz, serão cada vez mais valorizadas em um cenário no qual a tecnologia se evidencia como necessária para solucionar problemas complexos e promover o desenvolvimento sustentável. Nesse contexto, 2025 surge como um ano de oportunidades sem precedentes para empresas e indivíduos que souberem trilhar, com visão e propósito, os caminhos da transformação tecnológica.