Aline Marty e Beatriz Lima
Corrida contra o tempo: contratação ágil e assertiva
Frequentemente, as empresas estão abrindo novas vagas em busca de profissionais qualificados, que atendam às demandas e que, agreguem valor ao negócio, por isso, ter boas estratégias é um dos pontos cruciais no processo de seleção de colaboradores dentro de qualquer tipo de empreendimento, para que este possa prosperar a partir de uma equipe de alta performance.
Para entender como grandes e pequenas empresas podem fisgar grandes talentos através do processo de recrutamento, o podcast Papo Raiz convidou duas profissionais que estão imersas nesse assunto e que também vão falar sobre alguns cuidados que devem ser tomados na hora da contratação. Uma delas é a Aline Marty, consultora de treinamento e desenvolvimento de profissionais e também especialista em seleção de talentos, a outra convidada é Beatriz Lima, Technical Recruiter da Nubank.
Segundo Aline Marty, os maiores desafios de muitas empresas é não correr o risco de contratar uma pessoa errada ou despreparada para determinada função e também o fato que o tempo de um processo de recrutamento de empreendimentos brasileiros é muito mais demorado que em outros países e, por isso, é preciso ter bastante cautela na hora de decidir por um ou outro profissional.
“O Brasil é o país onde o processo seletivo é o mais longo do mundo todo, isso quer dizer que, na média as empresas levam quarenta dias para contratar uma pessoa e o que me parece é que a gente não está usando as tecnologias a nosso favor nos subsistemas da área de gestão tanto quanto deveríamos. Eu vejo que a tecnologia tem que ser um grande aliado para diminuir esse tempo, até para não se perder bons candidatos”, afirmou a especialista.
Tanto para Aline Marty quanto para Beatriz Lima, algumas empresas podem ficar à frente de outras se souberem dominar as técnicas de seleção de profissionais, colocando a construção de uma equipe bem alinhada no topo de prioridades de um negócio.
Qual o diferencial de grandes empresas na hora de contratar um profissional?
Para Beatriz Lima, empresas de porte alto têm como característica a junção de vários fatores na hora de escolher alguém para fazer parte de sua rede de colaboradores, como o fator da sorte, do momento e de escolher um produto ou serviço ideal no tempo em que as pessoas buscam por isso, sem se esquecer de alinhar a saúde financeira e cultural do negócio. “Eu vejo que tem uma parte bem diferente de olhar para a área financeira de uma forma mais atrativa e construir cultura forte a partir de carreiras e recrutamentos”, disse ela.
A especialista em seleção de talentos, Aline Marty, também pontuou que a cultura organizacional é um fator de extrema relevância quando há uma busca por novos funcionários, mas também há o uso da tecnologia, que tanto agrega nesse processo.
“Alinhamento cultural é um ponto importante e que às vezes empresas pequenas, até por falta de conhecimento, não têm esse preparo, mas as grandes empresas têm e usam a tecnologia a seu favor. Agora, é essencial ter ferramentas para agilizar todos os subsistemas de RH e tem instrumento de trabalho para acelerar esse processo”, afirmou.
O que o líder não pode fazer? Pois é um erro gravíssimo.
O mercado de trabalho muda constantemente e com ele as empresas e gestores têm que se adaptar à nova realidade e forma de trabalho, bem como saber aplicar estratégias na hora de contratar o novo perfil de profissionais que os mais diversos setores exigem. Considerando esse cenário, existem alguns erros básicos que, de acordo com a consultora Aline Marty, não devem ser cometidos ao selecionar alguém para uma empresa, como não manter perguntas que já estão “batidas” ou são muito utilizadas nesses processos.
“Na área de seleção a gente tem que estar inovando e sendo criativo, porque algumas perguntas vão caindo no lugar comum, pois a pessoa já vem ensaiada para respondê-las”, destacou.
Marty ainda ressaltou que não constranger o candidato com perguntas ou afirmações desnecessárias também é outra característica a se prestar atenção durante o processo de recrutamento. “Deixar à vontade o candidato é importante, mas não significa brincar ou fazer comparativos pessoais e às vezes eu vejo que esse é um problema do recrutador. Deixar à vontade é ir fazendo perguntas leves e tranquilas, mas procurar não trazer exemplos pessoais, porque isso pode ser desconfortável para os candidatos e tira um pouco do profissionalismo do momento”, afirmou.
Quais as principais dicas para contratar um bom profissional?
Focar em perguntas que busquem averiguar o perfil do profissional e se este está alinhado à cultura da empresa e criar estratégias para perceber quando a pessoa está sendo sincera ou não são algumas das orientações que Beatriz Lima e Aline Marty deram para líderes e gestores na hora de iniciar um processo de recrutamento.
“É interessante derivar perguntas aos candidatos a partir da cultura e valores da empresa e com isso ver como a pessoa lida com conflitos, com o convívio profissional e com as pessoas”, apontou Beatriz.
Para Aline Marty, a maneira de identificar um bom profissional não é tão difícil, pois muitas vezes ele já vem com as respostas que o recrutador quer ouvir ou cria um perfil ideal à cultura organizacional da empresa na qual está tentando entrar. “Eu dou muito valor à honestidade do candidato, porque entrevistando durante tantos anos a gente consegue perceber através de perguntas o quão honesta essa pessoa está sendo e fica muito claro quando o discurso está forçado ou quando a pessoa tem sim alguns preconceitos. Então, é observar até que ponto o candidato está contando uma história que nós gostaríamos de ouvir ou está contando algo que é real”, afirmou a especialista em seleção de talentos.
Quais etapas devem ser feitas para uma boa contratação?
De responsabilidade do RH ou do setor de gestão de uma empresa, o recrutamento tem algumas questões bastante burocráticas até que seja finalizado e, por isso, contar com etapas bastante assertivas nesse processo pode ajudar na hora de escolher um bom profissional. Para Beatriz Lima, aplicar avaliações técnicas e durante a entrevista focar em conhecer a trajetória profissional do candidato, como ele lida com determinadas situações e trabalho em equipe e a se cultura deste tem a ver com a cultura da empresa são etapas importantes para uma boa contratação.
Já para Aline Marty, as etapas aplicadas no recrutamento vão depender muito do tipo da empresa e da quantidade de candidatos que se inscreveram para determinada vaga. Além disso, ela destaca que fazer investigação da vida do candidato e buscar referências dele são estratégias indispensáveis.
“Não existe fórmula mágica no processo seletivo, mas tem aqueles tópicos que são indispensáveis”, reforçou a consultora de treinamento.
O que faz uma pessoa permanecer em uma empresa e por que algumas trocam de serviço frequentemente?
Para as entrevistadas, ter uma cultura organizacional forte e garantir oportunidades de crescimento podem ser alguns dos motivos que sustentam profissionais por anos em uma empresa, mas, para a especialista em seleção de talentos, é preciso também ficar atento ao fato de haver muitas demissões atualmente, além de pessoas saindo de empresas mesmo com pouco tempo de serviço prestado.
“A gente está vivendo um momento de mercado ímpar, primeiro porque acabou aquele mundo em que as empresas eram tudo de bom e que não existia tanta cobrança, por outro lado existe um movimento muito forte que é a demissão silenciosa, que tem a ver com o colaborador não fazer nada além daquilo que para o que foi contratado. Então, eu vejo que é tudo uma questão de buscarmos uma linha de equilíbrio”. (Aline Marty)
Já a Technical Recruiter da Nubank, Beatriz Lima, não considera a saída de profissionais de algumas empresas mesmo com pouco tempo de serviço, como uma escolha negativa, uma vez que agora é possível descobrir novas oportunidades e conhecer outros ambientes de trabalho que possam agregar mais a vida pessoal e profissional de cada um. “Eu vejo que as pessoas trocam mais de emprego, mas pra mim não é algo ruim, porque a gente tem um acesso muito claro do que é bom nos lugares, assim, vai mapeando o mercado”, afirmou.
É melhor contratar profissionais externos ou desenvolver colaboradores para assumir funções?
Quando uma nova vaga surge dentro de uma empresa, uma das principais dúvidas dos gestores e líderes é sobre qual o caminho a ser seguido na hora de preencher tal função: contratar alguém novo ou dar subsídios para que um funcionário assuma esse cargo?
A verdade é que, por estar sempre andando junto com as transformações do mundo, o mercado de trabalho não tem um único modelo a ser seguido quando se fala em inserir alguém dentro de uma empresa, como explicou Beatriz Lima.
“As empresas precisam entender que elas têm que ter mais de uma alternativa ao mesmo tempo, porque você pode abordar o país inteiro e ainda não fechar uma vaga, precisa de uma estratégia para abordar e ir atrás de gente para diversificar e não só querer formar as pessoas dentro da empresa, então, tem que ter esse equilíbrio”, disse a Technical Recruiter da Nubank.
Já para Aline Marty escolher entre contratar um profissional ou qualificar aquele que já faz parte do negócio para assumir uma vaga vai depender muito do projeto que a empresa pretende desenvolver. “Se você tem tempo, vale a pena esse olhar de buscar internamente, formar e ter um programa de trainee que é o que muitas empresas fazem. É tudo questão de equilíbrio, acho que tem que ter os programas para desenvolver a pessoa internamente, mas também a gente tem que estar de olho no mercado e entender quando deve trazer alguém nível sênior do próprio mercado para a empresa”, aconselhou.
*Artigo produzido pelo Papo Raiz – uma conversa descontraída e divertida sobre empreendedorismo e assuntos em alta na sociedade.