Investimentos
Com foco em sportechs, novo fundo vai investir em até sete startups no Brasil
O histórico de cinco anos de consultoria para marcas e profissionais voltados ao esporte fez com que a OutField Consulting passasse a alçar novos voos. O fundo de investimento OutField Capital foi lançado em agosto pelos sócios Pedro Oliveira e Lucas de Paula para ingressar em um nicho ainda pouco evoluído no Brasil: as sportechs — startups que desenvolvem tecnologias voltadas ao mercado esportivo.
O fundo tem foco em investimentos early stage (seed e pré-seed), com tickets que vão de R$ 400 mil a R$ 1 milhão, e devem investir entre quatro e sete startups até agosto de 2021. Segundo Oliveira, esse movimento vem para melhorar a experiência com esportes tanto para marcas como para consumidores, contornando problemas estruturais que impedem um maior desenvolvimento comercial e tecnológico da área no país, ainda vista como uma indústria conservadora.
Exemplo de como essa lógica funciona é o mercado norte-americano, que serve de modelo para os investidores:
“Nos EUA, o mercado de venture capital está em outro patamar, com fundos específicos dedicados ao esporte, captações na casa dos US$ 100 milhões e eventos de saída acontecendo. Como no Brasil o esporte está alguns passos atrás nessa história, nós queremos encontrar empresas que precisam não só do capital mas também do smart money, para que a gente possa ajudar no crescimento e na aceleração das startups”, explica Oliveira.
Para escolher as investidas, a Outfiled Capital monitora mais de 300 empresas, afunilando até que se chegue em uma avaliação pelo comitê de investimento do fundo. Essa seleção se dá por uma metodologia construída ao longo dos anos de consultoria pelos gestores, e se baseia em três áreas temáticas e três critérios de seleção.
Nas áreas temáticas estão abarcadas soluções que de alguma forma impactam o consumidor final, melhorando sua experiência (fan engagement); plataformas voltadas à mídia, transmissão de eventos e live streaming; e soluções relacionadas à performance e desempenho do atleta – amador ou profissional —, impactando sua saúde e bem-estar. Já entre os critérios validadores incluem uma avaliação do time e dos sócios fundadores da startup, o potencial de mercado existente e o produto, serviço ou solução em si.
Marketplace de ciclismo, Semexe é primeira investida do OutField Capital
A primeira startup investida pelo OutField Capital é a Semexe, marketplace especializado em revenda de itens de ciclismo. A empresa, criada em janeiro de 2019 pelos empreendedores Gabriel Novais e Rafael Papa, viu um salto durante a pandemia: o total de vendas em 2020 chega a R$ 4 milhões, 775% a mais que o mesmo período no ano anterior.
“Nesse período, a bicicleta passou a ter uma importância maior na vida das pessoas, que foram privadas de lugares fechados para a prática esportiva, como academias, e ficaram com receio de usar transporte público [pelo risco de contágio do coronavírus]. A bicicleta tomou outra proporção nas cidades”, aponta Novais.
A startup captou R$ 2 milhões nesta rodada pré-seed liderada pela OutField e com participação dos investidores Guilherme Bonifácio (cofundador do iFood) e Mário Roma (fundador da Brasil Ride). Segundo Novais, o aporte será alocado para a expansão do time de tecnologia, no desenvolvimento de novas ferramentas voltadas a melhorar a experiência do usuário na plataforma e na expansão do portfólio da marca, integrando a venda com lojas especializadas.
O cofundador pontua que o objetivo
da Semexe é se tornar a principal referência do ciclismo no mercado de usados,
também produzindo conteúdo voltado ao nicho, para abraçar esses novos
praticantes do esporte.
da Semexe é se tornar a principal referência do ciclismo no mercado de usados,
também produzindo conteúdo voltado ao nicho, para abraçar esses novos
praticantes do esporte.
Pensando no futuro, tanto Novais como Oliveira apontam que o ciclismo é apenas a porta de entrada da Semexe para o nicho dos esportes. “O mercado de revendas tem muito potencial. A Semexe tem um caminho interessante para trilhar, com uma solução que começa no ciclismo e pode crescer para outras práticas dentro do esporte e, futuramente, para áreas correlatas”, completa o investidor.