Guillermo Gomez, diretor-geral da Flash Expense. Segundo ele, a missão da startup sempre foi simplificar jornadas de colaboradores como um todo, indo além dos benefícios, ajudando colaboradores e também administradores a terem um dia a dia mais descomplicado.
Na Flash, futuro do trabalho vai além dos benefícios; conheça os planos da startup para ganhar o Brasil
GazzConecta
05/06/2023 15:21
A startup Flash Benefícios conquistou o direito de ser chamada de disruptiva ao entrar de cabeça em um mercado pouco estimado por empresas de tecnologia até poucos anos. Em 2015, os sócios Ricardo Salem, Pedro Lane e Guilherme Lane decidiram desafiar frente a frente gigantes da indústria dos benefícios corporativos, vide os casos das empresas Alelo, Ticket e Sodexo, com um cartão que oferecia os clássicos benefícios corporativos obrigatórios por lei, como vales-refeição (VR) e alimentação.
Com o tempo, o mercado de benefícios flexíveis foi amadurecendo e comprovando a tese dos empreendedores de que era um oceano azul no Brasil. A corrida de empresas por mecanismos para atração e retenção de talentos e regulamentação mais flexível do setor favoreceram o crescimento de empresas dispostas a criar soluções que atendessem aos anseios de funcionários em busca de mimos em troca de um trabalho primoroso e também de empresas atentas às demandas no novo mundo do trabalho.
É o caso da Flash, que criou um cartão de benefícios com categorias além de da atividade-fim imposta pela legislação trabalhista, e que incorporava seções como auxílio home-office, mobilidade e educação. Na esteira das novas categorias, a Flash também passou a adotar a postura de “one-stop-shop” do RH, dedicando-se a digitalizar jornadas burocráticas desse setor com a ajuda de softwares para profissionais da área com tarefas como recrutamento e admissão (Flash People) e também uma plataforma para gestão de despesas corporativas, de olho em facilitar processos de reembolso (Flash Expense) — ambas lançadas no ano passado como novas unidades de negócio.
As iniciativas, juntas, agregam à startup o termo de “worktech”, que descreve empresas dedicadas ao universo do trabalho e que foi cunhado nos Estados Unidos, mercado em que o principal expoente é a startup Rippling. “Mesmo com a criação de uma unidade para gestão de despesas corporativas, não somos uma fintech. E essa é nossa principal diferença frente às outras empresas do setor”, explica Guillermo Gomez, diretor-geral da Flash Expense. “Todas são mais voltadas ao crédito e com o benefício de ter um cartão para gerenciar isso. Nós somos menos crédito e cartão e mais plataforma, uma para solucionar jornadas de trabalho complexas”, diz.
Para mudar o mundo do trabalho
A missão da startup, segundo Gomez, sempre foi simplificar jornadas de colaboradores como um todo, indo além dos benefícios, ajudando colaboradores e também administradores a terem um dia a dia mais descomplicado. A primeira manifestação foi por meio do cartão de benefícios, mas a empresa agora está confiante para estender o esforço a outras frentes. “Ouvimos muito do RH que a jornada da financeiro e do RH, além dos benefícios, eram dores que precisavam ser resolvidas”, afirma.
Com isso, o cartão de crédito pré-pago, ainda mantido como carro-chefe da companhia, serve de alavanca para o lançamento da nova frente de despesas corporativas, inaugurada após a aquisição da startup ExpenseOn. Segundo Gomez, dos mais de 20 mil clientes da Flash, 1 mil já utilizam o Flash Expense. Depois, em março de 2023, foi a vez da FolhaCerta, adquirida pela Flash na intenção de incorporar ferramentas como gestão de ponto e férias e que já reúne mais de 100 mil usuários.
Os lançamentos vieram na esteira de um bom momento de capitalização na Flash. Em 2022, a empresa captou US$ 100 milhões com fundos como Battery, Whale Rock, Tencent e Tiger Global. Desde a fundação, foram mais de R$ 800 milhões em aportes.
Agora, a empresa deu mais um passo rumo ao objetivo de se tornar a principal plataforma do RH brasileiro. Em maio, a Flash anunciou a integração destes três serviços. A ideia é permitir que empresas clientes possam acessar os três serviços a partir do aplicativo principal da Flash, responsável por controlar os saldos disponíveis em cada uma das categorias do cartão flexível.
O ponto positivo da união dessas frentes, segundo o executivo, é a conexão entre as funcionalidades. “Conseguir olhar para toda a vida do colaborador dentro da empresa, ao invés de olhar para quesitos isolados é a principal vantagem”, diz. “Agora, nossa missão será mostrar ao cliente Flash que ele pode ter tudo isso conosco, ao invés de buscar fornecedores isolados no mercado”.
Para onde vai a Flash
A tarefa em convencer clientes a aderir a novos produtos esbarra em desafios já conhecidos pela Flash, que navega em um mercado dominado por gigantes — as companhias líderes no setor de benefícios são responsáveis por abocanhar mais de 90% da movimentação financeira do segmento. Também se trata de um mercado que começa a sentir os primeiros efeitos da flexibilização há pouco, com as mudanças na principal legislação trabalhista, o Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT) e que devem tornar o setor mais competitivo.
“Estamos criando algo que ainda não existe no Brasil e América Latina, o que é um desafio", diz Gomez. Sendo assim, comunicar as novas mudanças tomará boa parte dos esforços da Flash de agora em diante. A intenção, no fim do dia, é fazer com que a empresa seja reconhecida como uma “worktech” completa que, de ponta a ponta, oferece, além dos benefícios, uma gama de serviços que facilitam a vida do RH — e consequentemente de trabalhadores em todo o Brasil.
“Mesmo assim, ainda temos a herança de ser pioneiros no mercado. Isso, apesar dos lançamentos, nos concentrar em ter 80% do nosso faturamento vindo de benefícios e os outros 20% vindo de outros produtos”, diz.
Agora, segundo Gomez, o destino da Flash dependerá da missão de melhorar a experiência com a emissão e gestão de cartões virtuais, uma demanda crescente no mercado de startups que servem de meios de pagamento para diferentes fins.
Além disso, as mudanças em favor de ambientes de trabalho mais flexíveis e dinâmicos também incentiva a Flash a pensar sempre em como oferecer produtos que atendam às necessidades das empresas. “Hoje, os colaboradores são as pessoas que administram as empresas e o que já fizemos até agora já mostrou que somos capazes dessa mudança. Primeiro em benefícios, depois em recursos humanos e agora em despesas”, diz. “Ideias não faltam, e dores na indústria também”, diz.
Juntos, os lançamentos e as ambições da empresa devem repercutir em um bom desempenho financeiro, ainda que o cenário para startups acostumadas a captar altos volumes de investimento não esteja favorável. “ É claro que novas captações aceleram o crescimento, mas não precisamos necessariamente disso. Vemos o breakeven já nos próximos meses”, conclui.