Mercado autônomo nos condomínios
Com valor de mercado de R$ 100 milhões, curitibana Market4u quer ser unicórnio até 2022
"Nossa grande meta é transformar a Market4u no próximo unicórnio do Brasil”. É com propósito arrojado na cabeça que Eduardo Córdova, CEO da startup Market4u, dorme e acorda desde fevereiro, quando lançou a primeira unidade do seu negócio: um mercado autônomo para condomínios.
A ideia da startup é que as pessoas façam suas compras sem sair do próprio condomínio, garantindo o distanciamento e sem necessidade de esperar a entrega dos produtos comprados pela internet. A pequena loja de conveniência não tem atendentes e comercializa alimentos e produtos de higiene e de limpeza. O morador utiliza um aplicativo para pagar suas compras, fotografando o código de barras do produto. O aplicativo é integrado com o sistema de segurança da conveniência, que só libera o acesso mediante a validação via QR code.
Com a pandemia do coronavírus, diversas novas tecnologias, principalmente as que promovem distanciamento social, foram impulsionadas. Foi nesse contexto que a empresa de Córdova decolou: com oito meses de operação desde a implantação do primeiro mercado em fevereiro, a empresa tem valor de mercado cotado em R$ 100 milhões. Com 327 lojas em 38 cidades, o faturamento médio mensal das operações somadas é de R$ 5 milhões.
Histórico empreendedor
Os fundadores da Market4u, Eduardo e Sandro Wuick, flertam com o varejo autônomo desde 2015. Os sócios desenvolveram a Bike Station, uma máquina de vendas automáticas para ciclistas. Comercializando acessórios, alimentos e ferramentas de manutenção, o projeto foi o vencedor da edição de 2019 do Rocket Startups, reality show de startups da RPC.
“Muitos clientes pediam a instalação uma máquina dentro dos condomínios, e percebemos que tínhamos uma oportunidade. A partir daí começamos a desenvolver a Market4u como uma spin-off da Bike Station”, lembra o CEO.
Dez mil unidades da Market4U em 2021
Com investimento-anjo de R$ 5 milhões pelo Bio Grupo ainda em 2019 e novo aporte pela Viasoft em agosto de 2020 (de valor não revelado), o crescimento da startup tem se concretizado. A startup espera receber um aporte de R$ 10 a R$ 15 milhões até o final do ano para expandir a atuação.
A expectativa é fechar 2020 com mil unidades espalhadas pelo país. “Estamos captando uma nova rodada de investimento para iniciar o plano de expansão e abrir dez mil unidades em 2021”, pontua Córdova. A ideia dos fundadores é expandir a atuação também em países vizinhos como México e Chile.
Com crescimento de 2.000% nos últimos seis meses, a startup saltou de quatro para 162 colaboradores vinculados aos escritórios em São Paulo e Curitiba. Nesse ritmo, o objetivo da empresa é atingir o valor de mercado de R$ 1 bilhão em 2021 e de US$ 1 bilhão até 2022, tornando-se um novo unicórnio brasileiro.
Ingredientes do sucesso
Para o CEO, o crescimento escalado da empresa se deu por muitas razões. “Responsabilizamos a conjuntura externa [da pandemia], mas também um preparo interno. Não subestimamos o desafio e trouxemos muita gente boa para dentro. É um fator que combina o mercado, mas principalmente a capacidade do nosso time de implementar e executar nosso plano de ação”, comemora.
Para Córdova, a receita do sucesso envolve também a experiência dos sócios no mercado de varejo e parcerias com indústrias e administradores de condomínios. Entre os maiores parceiros estão Ambev, Coca-Cola, Kibon, BRF e Seara.
Modelo de negócio misto
Desde julho, a startup expandiu o modelo de negócio e conta também com franqueados. A empresa contabiliza 80 representantes, que viabilizam a implementação do negócio fora do eixo Curitiba-São Paulo, e espera chegar até o final do ano com 100 parceiros. A meta é que cada franqueado implemente dez novas unidades por mês.
Neste modelo, o empreendedor investe na tecnologia e passa a operar os negócios na sua região. “O parceiro franqueado investe, utiliza a tecnologia e faz a parte logística e de armazenamento. Sob a nossa marca montam centros de distribuição e fazem a operação logística de levar a mercadoria até os condomínios”, salienta Eduardo.
Além da expansão para a América Latina, a Market4u pretende instalar uma loja autônoma no Shopping Estação, em Curitiba, até o final de 2020. O centro gastronômico Vila Urbana também vai receber uma unidade da conveniência. A ideia é implementar a loja autônoma em estacionamentos, clubes e academias.