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O GazzConecta entrevista com exclusividade Lais Macedo, presidente do Lide Futuro.

Entrevista

Para Laís Macedo, líderes do futuro devem ser inclusivos, diversos e com propósito

Millena Prado
Millena Prado
07/11/2022 18:14
Propósito, diversidade, sustentabilidade e inclusão são palavras que devem descrever o líder do futuro. Essa é a principal aspiração de Laís Macedo, presidente do Lide Futuro, um dos maiores grupos de networking entre jovens lideranças do mundo de negócios, que deseja se diferenciar, através da diversidade, dos fóruns de CEOs tradicionais.
Entre as aspirações de Laís, além do desejo de transformar a realidade brasileira através de conexões reais, está o propósito de fomentar novas discussões entre as lideranças em prol da diversidade e da inclusão no mundo dos negócios.
Nascida no interior de Minas Gerais, Laís Macedo se mudou para São Paulo em 2008 para se graduar em Relações Públicas. Em 2010, seus caminhos cruzaram com os do Lide, onde foi contratada como estagiária, mas já levava em sua bagagem um sonho grande: ser gerente antes dos 25 e diretora antes dos 30 anos. Suas aspirações foram concretizadas bem antes do previsto.
Hoje, aos 33, Laís Macedo é a única mulher a liderar um grande grupo de networking entre lideranças mistas no Brasil. Com um dos objetivos realizados, a presidente partiu para o próximo sonho: ser pivô de uma mudança de pensamento entre os líderes brasileiros promovendo mais inclusão, propósito e diversidade em toda camada de executivos de alta gestão no país, e assim, provocar também uma mudança em suas organizações.
Parte deste sonho já começou a se concretizar com o Summit "Future is Now", realizado em agosto, em Itu, São Paulo. O evento, voltado para CEOs e C-Levels de grandes negócios, apresentou um novo conceito baseado em diversidade, inclusão e pluralidade nos painéis e palestras. Com a presença de players do mercado como Nubank, Pinterest, TikTok, RiHappy, IBM, 99 Jobs, entre outros, o evento promoveu, ao longo de três dias, conexões e aprendizados de qualidade para as lideranças de todo o país.
O Summit aconteceu em Itú, São Paulo, e foi capitaneado por Laís Macedo. Foto: Summit Future is Now
O Summit aconteceu em Itú, São Paulo, e foi capitaneado por Laís Macedo. Foto: Summit Future is Now
Para falar sobre o perfil da nova liderança baseada em valores diversos, o GazzConecta entrevistou com exclusividade Laís Macedo, uma das precursoras deste movimento.
Leia a entrevista na íntegra.

Quem é a Laís Macedo e o seu desejo capitaneando o Lide Futuro?

Eu sou mineira de nascimento e paulista de vocação. Cheguei em São Paulo com uma única chance. Estar ali era um esforço dos meus pais e eu trabalhei muito para isso, então não dava para brincar com aquela oportunidade.
Eu sou virginiana, nunca gostei de fazer nada pela metade, então desde o início fui muito comprometida com tudo que me envolvi. Nunca aceitei os lugares em que as pessoas me colocavam. Em muitos momentos era evidente que eu era a pessoa menos preparada da sala, mas isso não me definiu.
Eu vim de Minas para fazer Relações Públicas e logo no início descobri que São Paulo era a cidade do “quem”; “quem, indicou quem, para fazer o quê”, então desde o início precisava construir uma rede de networking.
Em 2010 entrei no Lide. Eu só tinha uma entrevista e levei todo meu entusiasmo para ela. Consegui a minha vaga e dizia muito claramente para a minha diretora, “eu quero ser gerente antes dos 25 e diretora antes dos 30”. Eu tinha 20 anos nessa época, e aos 24 assumi a gerência do grupo.
Com 24 anos, gerente do Lide, eu era muito jovem e tinha uma ideia de que networking era estar conectada com todo mundo, até que um dia liguei para o gerente de uma empresa, me apresentei, e ele me perguntou “você não tem um sobrenome?”. Foi ali que virou uma chave e entendi que se eu saísse do Lide, será que essas pessoas iriam me responder?
Então entendi que conexão não é nada, o que determina e constrói uma conexão, de verdade, é acesso e geração de valor. Que não é quem você conhece, é quem conhece você, o que falam de você, é o WhatsApp que você vai mandar e vai ser respondido. Eu comecei entender que tudo era geração de valor para acessar o CPF.
Hoje, nós vinculamos networking a negócios e tudo que valida uma pessoa é o que está escrito no cartão de visitas e aquilo que o CNPJ conta que ela é. É por isso vivemos em um mundo de tanta fumaça, pois quando não existe mais no seu cartão de visita o nome “presidente”, você é descartado. O seu valor está no seu cargo.
Por isso, meu desejo é empoderar o CPF. Também por esse motivo, em 2012, nós criamos o Lide Futuro,  que é um movimento pensado por e para pessoas físicas, lideranças jovens, que estavam chegando ao mercado e aspiravam um outro modelo de networking.

Qual é o propósito e a atuação do Lide Futuro hoje?

Nós criamos o Lide Futuro de 2012 para 2013. Em 2017, fomentávamos o empreendedorismo, então nada mais justo que assumir uma jornada empreendedora. Fizemos o spin-off do Lide Futuro, que se tornou uma empresa, e todos os membros do Conselho puderam se tornar sócios. 12 pessoas quiseram ser sócias. Eu e mais 11 homens.
Em 2021 eu me tornei sócia majoritária, e no último ano eu reposicionei o Lide Futuro. Está muito longe de ser o que eu desejo, não temos tanta representatividade quanto eu gostaríamos, mas hoje nós brindamos quando conseguimos manter metade homens, metade mulheres e um público mais diverso nos encontros.
Vi que o Lide Futuro ia tomando esse corpo na direção do que eu acredito, mas o que eu queria mesmo era acelerar. Por isso, pensei em criar algo paralelo, com líderes de negócios com movimentos expressivos. Então hoje nós temos dois produtos, o Lide Futuro e o Summit "Future is Now", que nasceu como um Summit mas será um movimento de impacto e transformação.
Nestes dois movimentos estarão, cada vez mais, as lideranças que acreditam que um mercado mais competitivo, mais rentável e mais desenvolvido só acontecem em um diálogo horizontal, plural, com movimentos reais de diálogo, inclusão e sustentabilidade, e que essa pauta plural fará com que cada um possa desenvolver seus negócios e seus espaços de influência.

Como você vê este movimento daqui a cinco anos?

Em cinco anos eu quero quebrar muros e construir pontes. Quero trazer mais pessoas para esse movimento, pelo elo poderoso que estamos criando, pela quantidade de negócios que nascem aqui e por quanto estamos nos desenvolvendo.
Meu sonho é quebrar os muros das pessoas que têm resistência à minha liderança e a intenção deste movimento. Não quero que seja um movimento que fique vinculado a mim. Em cinco anos eu quero olhar para os fóruns de CEOs e desacreditar que há cinco anos eles eram diferentes. Quero que todo mundo nasça com esse novo pensamento, com esse olhar de liderança e do novo mercado. Meu grande desejo é trazer um novo conceito de comunidade empresarial. Enquanto Lide Futuro, eu desejo ser uma referência de movimentos pelo novo futuro e pelo novo mercado.

Qual é o papel e o impacto que a nova liderança deve gerar?

Há inúmeras pesquisas que falam como empresas mais diversas são também mais rentáveis. Então, se o líder não tiver uma visão e atitude de execução plural, ele deixa de pertencer; se você não tem o respeito e admiração do seu time, não tem mais produtividade e entrega, então não existe mais comando e controle. As lideranças precisam se desgarrar de modelos antigos e vir para modelos no qual elas se transformam. Desde os movimentos de saber liderar perfis de idades diferentes até todos os tipos de diversidade.
Então o líder para mim é o canal cada vez mais humano, com o olhar cada vez mais desgarrado de preconceito, de viés inconsciente, e precisa ser autêntico. A grande origem está em falar sobre pessoas e para pessoas e liderar para humanos. Enquanto liderar para cargos, estruturas prontas e apenas em função de metas financeiras, nós ficamos neste mundo no qual não conseguimos prosperar.

Os líderes estão no caminho para atingir esta transformação?

Estamos no caminho, mas no ritmo que estamos vamos demorar muito para ter sucesso. Estamos nessa direção, mas enquanto estivermos em um movimento entusiasmado da minoria, não vai acontecer. A sociedade precisa questionar o mercado e as empresas. Nós precisamos criar espaços de diálogo sempre no sentido da construção. Se nós entramos em um lugar de conflito, nós fortalecemos ainda mais a resistência do outro pela mudança.

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