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Especialista fala sobre perspectivas de crescimento do venture capital no Brasil. Crédito: Divulgação.

Capital de risco

Venture capital: perspectivas de crescimento em investimentos no fim do 1º semestre

André Nunes
André Nunes
27/05/2024 16:17
2023 não foi um ano fácil para o mercado de venture capital, ou capital de risco, modalidade de investimentos alternativos que apoia negócios por meio da participação acionária, buscando valorização das ações para uma venda posterior. Dados da Latam Tech Report divulgados no estudo "Into The Future", da ACE Ventures, revelam que 88,9% dos investidores preveem um 2024 positivo, enquanto 11,1% acreditam que o cenário deve se manter no mesmo nível de 2023. 
Já no lado dos fundadores, a perspectiva também é otimista, com 77,8% apostando em um 2024 melhor, enquanto que 17% ainda tem o receio de tempos instáveis. Os 4,4% restantes estão pessimistas, esperando um 2024 pior. 
Diante de um cenário em que os rounds gigantes das startups despencaram, quais seriam as perspectivas de crescimento do venture capital no Brasil?

Alta nos juros

Para Ricardo Urso, sócio-fundador da Urso Consultoria, especializado em operações de fusões e aquisições (M&A), os investimentos estão atrelados à alocação de recursos em algumas empresas.
“Como o país veio em uma alta de juros nos últimos anos, isso dificulta o aporte. Afinal, se eu tenho um milhão de reais e deixo no banco a uma taxa de juros de 15%, a empresa em que invisto teria que entregar muito mais do que isso. Porque quando coloco meu capital em risco, busco retorno num prazo mais longo, e que este retorno seja muito maior do que aquilo que posso ter com o dinheiro parado no banco”, explica Urso.
Diante da reestruturação mundial depois de uma crise na proporção gerada pela pandemia, a recuperação do mercado faz com que investidores e empresas possam voltar a acreditar em novas apostas.
Ricardo Urso (ao fundo): "os investimentos não diminuíram, só estão mais seletos e lentos". Crédito: Marcelo Andrade.
Ricardo Urso (ao fundo): "os investimentos não diminuíram, só estão mais seletos e lentos". Crédito: Marcelo Andrade.
Dessa forma, segundo o executivo, o cenário de retração vivido recentemente no Brasil se deve, em primeiro lugar, à alta taxa de juros. “O segundo motivo é porque houve um alto investimento em empresas que não vingaram e tiveram um valuation superestimado diante daquilo que de fato deveriam ter. Com isso, se criou um mercado saturado de ideias que não vingaram. Então, muitos fundos tomaram prejuízo e estão sendo cada vez mais seletivos, criteriosos e demorados na tomada de decisão. Eu diria que os investimentos não diminuíram, só estão mais seletos e lentos”, define.

Etapas do deal flow 

Na sequência dessa percepção, quando se analisa o deal flow (as etapas da negociação de investimento), poucas empresas acabam chegando até o final. “Você tem que ter uma empresa que proporciona uma rentabilidade maior. Temos uma excelente expectativa e visão sobre o mercado dos próximos anos. No primeiro trimestre de 2024, os números já se mostraram muito maiores na comparação com o ano passado. Então já está sendo refletido esse aumento de investimento e isso deve continuar acontecendo”, ressalta Ricardo Urso.