Start Growth
Empresa curitibana tem R$ 7 milhões para investir em startups que precisam de ajuda para escalar vendas
A Start Growth busca cumprir à risca o que supõe o seu próprio nome. A empresa curitibana de investimento em startups aposta na capacitação de startups em início de jornada, de olho em um crescimento acelerado. A fórmula está em apostar na força de vendas: a Start Growth incentiva pequenas empresas a desenvolverem suas áreas de marketing e, assim, dar uma guinada nas vendas de produtos já lançados e testados, porém ainda sem muita escala.
A ideia de criar um negócio dedicado a fomentar o crescimento de empresas potenciais, mas ainda incipientes, é de Marilucia Silva Pertile, uma especialista em vendas na área de tecnologia.
Após anos atuando no suporte técnico para empresas usuárias de softwares de gestão, ela concluiu uma transição de carreira, mirando a área comercial. Na mesma época, liderou times de vendas diretas e assumiu a posição de diretora comercial na curitibana EBS Sistemas, comprada pela gigante britânica Sage.
“Entendi que ali era mais do que eu fazia no suporte. Além de auxiliar, ser da área comercial também permite sugerir aos clientes soluções que pudessem ajudar ainda mais o dia a dia deles, com tecnologias que eles ainda não conhecem. Isso me deu um ótimo contexto sobre tecnologia”, relembra a executiva.
O início da Start
Mesmo após a aquisição, Marilucia manteve sua posição na Sage, por onde ficou por mais dois anos, até que decidiu fundar a sua própria empresa de software. À época, a companhia atuava como uma representante de vendas da própria Sage. Ao seu lado, como sócio, estava Hendrick Machado, fundador da startup Pontomais — que hoje faz parte do ecossistema VR sob o nome de VR Gente.
Ainda na Sage, a executiva decidiu que era hora de deixar de lado a sociedade com Machado e se dedicar apenas à direção da área comercial na multinacional britânica. A história, porém, mudou de curso quando ela decidiu se voltar à uma nova empreitada: a Start Growth, uma pequena iniciativa de apoio comercial a startups fundada por seu marido — e futuro sócio.
A Pontomais, ainda sob comando de seu ex-sócio Hendrik Machado, tornou-se o primeiro grande cliente da Start Growth após uma aquisição total da startup. O propósito era apresentar ao mercado um caso bem-sucedido de construção, do zero, de um negócio com pouca estrutura, mas com grande potencial.
Durante um ano, a Start Growth atuou como uma espécie de incubadora, desenvolvendo as bases para o negócio estrear oficialmente no mercado. Com um produto tímido e um time enxuto de apenas três pessoas, a Pontomais teve seu mínimo produto viável (MVP) criado com o apoio da Start Growth, que também auxiliou na criação da área comercial e de um site oficial.
O propósito da empresa
De dentro da operação, os sócios da Start Growth têm participação ativa nas tomadas de decisão do negócio, além de mentorear os empreendedores e fundadores. O propósito é atuar como uma aceleradora, atacando dores comuns a empresas em estágio inicial, especialmente no que se refere às vendas.
Na prática, tudo começa com um cauteloso diagnóstico da estrutura de marketing da empresa, das estratégias utilizadas pela área comercial à criação de sites e investimentos dedicados a essa frente. “Sentamos ao lado dos fundadores e fazemos o horário comercial lado a lado, mergulhando na cultura e rotina da empresa”, explica Marilucia. Além dos três sócios da Growth, as startups também passam a ser orientadas por seis diferentes mentores, que participam de forma pontual.
Depois desse diagnóstico, a Start Growth inicia ali uma sociedade. Para isso, também avalia o perfil do empreendedor por trás de cada negócio. “Para nós, o empreendedor é quase tão importante quanto o produto que ele vende. É preciso que ele esteja disposto a trabalhar em conjunto, e ouvir opiniões”, diz.
O investimento financeiro também faz parte da missão da Start, que injeta até R$ 2 milhões nas startups em diferentes momentos, a depender da necessidade de cada negócio.
“O que nos move é ver o negócio crescer. Não é só dinheiro, que não fará milagre em nenhum ponto. Nosso histórico nos deu a clareza de que estar ao lado do empreendedor criando, testando e desenvolvendo seria muito mais promissor”, conclui. A tese da Start Growth está baseada na busca por startups early stage de seis diferentes verticais: fintechs, martechs, healthtechs, edtechs, HRtechs, e database.
Com o passo a passo implementado e uma máquina de vendas estruturada, a Growth tira o “pé” da operação, permanecendo no captable da empresa até a entrada de novos investidores. Todo o ciclo até o exit, segundo Marilucia, dura de dois a três anos. No histórico da empresa estão, além da Pontomais, os cases da Leds2be e Vhsys.
Mais startups na lista
Atualmente, a empresa está apoiando duas startups: uma edtech mineira e também a curitibana Fretefy, de logística — que já está sendo acelerada há quatro anos. Até o fim do ano, a Start Growth tem ainda R$ 7 milhões para investir nessas empresas.
Já para 2024, o plano é incorporar ao menos duas novas empresas na lista no segundo semestre. “Nossa prioridade continuará sendo nossa base atual. Se as empresas estiverem num nível certo para dissociação, já podemos pensar nas próximas e em escalar ainda mais nossa operação”, diz.
Em paralelo, a Start Growth também luta para encontrar para si um termo de definição. “Não encontramos ainda uma palavra para definir o que nós somos, mas sabemos que não somos e não queremos ser uma aceleradora”, explica Marilucia. “Somos investidores, mas com operação de sociedade, e isso não é comum”.
Até encontrar o tal termo, os sócios seguem olhando para fora do Brasil em busca de teses similares para ajudar nessa classificação, e também contam com a ajuda dos casos bem-sucedidos de aceleração de startups por aqui para isso. “Seremos e continuaremos sendo reconhecidos pelo nosso apoio ao ecossistema nacional e, principalmente, local. Por isso, estaremos cada vez mais próximos de iniciativas de fomento”, conclui a fundadora.