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Bianca Junqueira é uma das fundadoras da Portão 3, fintech de gestão de gastos corporativos criada em 2020. Crédito: Divulgação.

Empreendedorismo

Empreendedorismo feminino: fundada há três anos por empreendedora brasileira, esta fintech atraiu Y Combinator e captou milhões

Maria Clara Dias
Maria Clara Dias
29/12/2023 08:00
A empreendedora Bianca Junqueira tem um longo histórico à frente de empresas próprias, mas foi apenas em sua terceira empreitada que atingiu, de fato, o sucesso. A mineira é uma das fundadoras da Portão 3, uma fintech de gestão de gastos corporativos criada em 2020 que, desde então, já conquistou 600 clientes e captou, ao menos, R$ 19 milhões ao atrair investidores e aceleradoras de destaque, como a Y Combinator, uma das mais estimadas do Vale do Silício.
Com sede em Uberlândia (MG), a Portão 3 tem ganhado destaque ao mirar a bagunça financeira de empresas de médio e grande porte da América Latina. Trata-se de um nicho incomum no universo das fintechs dedicadas ao segmento, usualmente voltadas às pequenas empresas e microempreendedores.
O principal produto da empresa, fundada ao lado do também empreendedor Fernando Nery,  é uma plataforma para a gestão de despesas corporativas “não previsíveis”, ou seja, aquelas que não costumam constar na folha de pagamentos ou que não fazem parte definitiva do controle de gastos das empresas. Como exemplo estão os desembolsos em viagens, como alimentação, transporte e combustível, além de despesas de escritório e gastos com tráfego pago e marketing digital.
A dedicação a todo e qualquer gasto — e a gestão inteligente deles — não foi o primeiro foco da empresa. O primeiro produto, ainda em 2020, mirava apenas as viagens corporativas, do processo de reserva à gestão, com relatórios para controle. O momento, porém, não ajudou. No início da pandemia, com as restrições de circulação, o produto não vingou. “Essa coincidência não foi a melhor coisa que aconteceu com a gente", brinca Bianca.
A solução foi direcionar o recém-lançado negócio a indústrias que eram consideradas essenciais durante a pandemia, como supermercados, hospitais e laboratórios. Em comum, todos continuavam em operação - e demandando deslocamentos de insumos.

Depois do Vale do Silício

Em 2021, a Portão 3 passou pelo processo de aceleração da Y Combinator. Durante o período de três meses, os fundadores perceberam que havia uma demanda não assistida pelo mercado, e que logo poderia se tornar o foco da empresa.
A virada de chave esteve, então, em entender que o “core” da Portão 3 estava em despesas difíceis de serem mensuradas e descentralizadas, muito além de folhas de pagamento. “Entendemos que éramos uma empresa de pagamentos antes de qualquer coisa”, diz.
Hoje, o grande diferencial do modelo de negócio da empresa está na gestão de todas as saídas, explica a fundadora. “O que criamos vai bem além. Hoje, a geração de valor do Portão 3 está na facilidade ao CFO. Facilitamos a vida do financeiro, desde a origem do pagamento até as aprovações e relatórios”, diz.
Em essência, com uma plataforma simples, com um arcabouço de geração de dados e um bocado de insights, a Portão 3 traz análises críticas sobre cada gasto do sistema financeiro, o que é incomum no mercado e o que diferencia a fintech de outras fintechs que se propõe a atracar as dores dos gastos corporativos. "Ninguém faz o que fazemos hoje”, diz.

Aporte na tormenta

No início deste ano, a fintech recebeu aporte de R$ 19 milhões em uma rodada de investimentos semente liderada pela Better Tomorrow Ventures, com participação dos fundos Fincapital, Endeavor Scale Up Ventures, Pareto, Flexport e investidores anjos.
O momento não era dos mais favoráveis para o mercado, que ainda sentia os reflexos de um cenário de investimentos escasso e que não priorizava o aporte a empresas em início de jornada. “Fomos bem estratégicos em como queríamos levantar e tínhamos um claro planejamento. Por isso, o risco parecia menor aos investidores”, conta a empreendedora.

Reconhecimento

Uma característica marcante da startup está no desejo de fomentar a cultura empreendedora local. Com seu novo escritório, inaugurado no segundo semestre de 2023, a Portão 3 pretende criar um espaço para trabalho colaborativo, permitindo a interação entre diferentes empreendedores e empresários do setor de tecnologia de Uberlândia.
Esse desejo também se justifica pela própria trajetória da fundadora que sempre desejou empreender. Desse desejo, nasceram duas outras empresas antes da Portão 3. A primeira delas, uma startup voltada para o turismo B2C que fazia roteiros personalizados de viagens.
O mercado, porém, era muito desafiador e já dominado por algumas poucas plataformas. “Fui procurar outro turismo para resolver”, brinca. Depois, fundou a Sling,  empresa focada em marketing e growth para pequenos empreendedores.
A jornada empreendedora, fruto dessas duas experiências, serviu como aprendizado nas áreas de marketing e vendas, além de trazer skills vitais para qualquer empreendedor, como resiliência e adaptabilidade. “Além das três empresas que abri, tive outras 800 ideias”, brinca. “Foi algo muito relevante para adquirir novas habilidades”, afirma.
Quando a Portão 3 foi selecionada para participar do programa de aceleração da Y Combinator, Bianca, reconhecida em 2022 como Forbes Under 30, foi a única mulher brasileira entre os participantes do programa. “Tem sido uma trajetória muito boa. Meu foco continua sendo gerar valor, e está sendo incrível construir isso com o time da Portão 3”, conclui.

Planos

Com 600 clientes no portfólio, a Portão 3 está com apetite por expansão. Depois dos R$ 19 milhões, utilizados para escalar o negócio e construir times inteiros — atualmente, a fintech tem 48 colaboradores — a intenção é trazer mais produtividade. Para isso, a startup vai apostar em inteligência artificial (IA). Internamente, a fintech criou, inclusive, um área de IA que já conta com quatro funcionários.
De outro lado, a adição de IA também deve beneficiar novos produtos da Portão 3, como a  gestão de dados para o gerenciamento de frotas. “Vamos olhar para despesas complicadas para empresas de transporte e logística, como combustível, pedágio e manutenção”, explica.
“Em 2024, muito da nossa plataforma será voltada para a IA para trazer mais inteligência. Nossa ideia é ser o one stop shop para o financeiro das empresas", diz.

E vem aí o GazzSummit

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