Economia circular transforma resíduos em oportunidades em "brechó da construção civil"

A startup curitibana Caçamba do Bem, idealizada pela designer de interiores Marília Bender Almeida, está redefinindo a utilização de resíduos residenciais. A iniciativa, que atua como um "brechó da construção civil", promove o reaproveitamento de materiais que seriam descartados, unindo design, responsabilidade ambiental e impacto social. O projeto já é uma referência em economia circular no setor, mostrando que materiais considerados "sobras" ou "descartes" podem ganhar nova vida e valor.

No mês passado, o projeto foi reconhecido no Pitch Vale do Pinhão, uma iniciativa da Prefeitura de Curitiba que premia ideias inovadoras com impacto positivo na cidade. A Caçamba do Bem ficou entre os três finalistas, conquistando o 1º lugar no voto popular e o 3º lugar geral. 

"Acreditamos na capacidade da economia circular em transformar vidas e promover um futuro mais sustentável," afirma Marília Bender Almeida, CEO da Caçamba. "Entendemos que precisamos pensar hoje no que buscamos no amanhã, por isso buscamos nos aproximar cada vez mais de marcas e pessoas do ramo que, assim como nós, entendem que aquilo que não serve mais para mim pode servir para outro". 

A Caçamba do Bem, diz ela, inspira consumidores, profissionais e empresas a se tornarem agentes ativos nessa transformação, indo além de um simples bazar para se tornar um movimento de reconexão entre o fazer arquitetônico e o compromisso com o meio ambiente e a inclusão.

Modelo de negócio e a solução para o descarte na construção civil
O modelo de negócio do Caçamba do Bem é baseado no reaproveitamento qualificado de materiais da construção civil. A startup atua como uma plataforma que dá uma nova oportunidade a itens que seriam descartados, reintroduzindo-os no mercado através da venda ou doação.

O grande diferencial é a curadoria, que foca em itens com design atual, fugindo da estética de "antiquário". A empresa também se destaca por sua logística, pois se responsabiliza pela coleta do material, evitando que o doador tenha que se preocupar ou gastar com o descarte.

A Caçamba do Bem busca resolver um desafio duplo: o problema de quem está reformando e não sabe o que fazer com os materiais que não se encaixam mais no projeto, e a dificuldade de quem precisa de itens de boa qualidade para suas próprias obras. Ao conectar essas pessoas, a startup cria ciclos de reaproveitamento que reduzem o descarte e promovem uma forma de construir mais acessível e consciente.

Tecnologia, curadoria e impacto social
A startup utiliza um processo de curadoria rigoroso para garantir a qualidade e o valor estético dos materiais. Marília explica que, mesmo quando um material não é aprovado para a coleta, a empresa atua como um canal de conexão, direcionando o doador para instituições sociais que possam aproveitar o item. Dessa forma, o material não se perde e a Caçamba do Bem amplia sua rede de melhoria nas comunidades locais, mesmo que o impacto seja difícil de mensurar de forma precisa.

A jornada da startup tem proporcionado aprendizados valiosos com arquitetos, lojistas, clientes e instituições sociais. A empresa desenvolveu canais de comunicação para entender a necessidade de seus clientes e um processo prático e funcional para parcerias com arquitetos e lojistas, que se tornou um diferencial validado.

Planos de expansão e medição de resultados
Para escalar seu impacto e ampliar a economia circular no Brasil, a Caçamba do Bem está explorando novas estratégias. Uma das iniciativas em andamento é a comercialização do estoque parado de lojistas. A startup se responsabiliza por toda a logística para vender peças que seriam consideradas perdidas, liberando espaço no estoque dos lojistas e transformando-as em oportunidades para novos clientes.

A medição de resultados da Caçamba do Bem é feita por meio de controles internos que analisam métricas e valores para manter a startup em seu propósito. A empresa enfrenta o desafio de equilibrar inovação, sustentabilidade financeira e sua missão educacional, mas a vitória no Pitch Vale do Pinhão foi uma validação importante da proposta de valor. 

A conquista, especialmente o primeiro lugar no voto popular, mostrou a força da comunidade da Caçamba do Bem. "Com o reconhecimento e as oportunidades que a vitória abriu, o plano é escalar a solução para levar a economia circular a mais pessoas", conclui Marilia.