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Fundadores do Ebanx Alphonse Voigt, Wagner Ruiz e Joao Del Valle

Unicórnio curitibano na Nasdaq

Ebanx recebe aporte de US$ 430 milhões e mira IPO até 2022

Millena Prado
Millena Prado
15/06/2021 18:34
O céu não é o limite quando o assunto é o valor de investimentos captados por startups brasileiras. O unicórnio curitibano Ebanx anunciou nesta terça-feira (15), a captação de um aporte de US$ 430 milhões do fundo de investimentos Advent.
Este é o segundo maior investimento já recebido por uma fintech brasileira, atrás apenas do banco digital Nubank. O valor de mercado da empresa, após o aporte, não foi divulgado.
O montante será destinado principalmente para quatro frentes: expansão para a América Latina, contratação de novos talentos, aquisições e, principalmente, a abertura de capital e venda de ações na Nadasq, bolsa de valores dos Estados Unidos.
Entre as pretensões da fintech curitibana com o novo investimento é adquirir inclusive startups do Paraná. “O aporte mira contratações, volume de pagamentos, receita, expansão geográfica e expansão de negócios correlatos aos que já fazemos. Inclusive com empresas do Paraná e de Curitiba”, conta Wagner Ruiz, Chief Risk Officer do Ebanx, em entrevista ao GazzConecta. 
Após o aporte, o fundo Advent entra como sócio minoritário e os fundadores do Ebanx permanecem como majoritários. A FTV Capital, investidora em outras rodadas, continua entre os sócios.
Os recursos para o investimento da Advent vêm de seus quatro programas de investimento. Esta é a primeira vez na história que as quatro verticais geridas pelo fundo investem em um mesmo negócio.
Prova do crescimento exponencial são os números de processamento de pagamentos que o Ebanx atingiu recentemente. A empresa processou mais de 145 milhões de transações só em 2020. A fintech é responsável pela intermediação de pagamentos entre empresas internacionais, como Spotify e Airbnb, e consumidores brasileiros.
O GazzConecta entrevistou com exclusividade Wagner Ruiz, Chief Risk Officer (CRO) e cofundador do Ebanx.
Wagner Ruiz, CRO do Ebanx. Foto: Brunno Covello
Wagner Ruiz, CRO do Ebanx. Foto: Brunno Covello
Esta é a segunda maior captação de uma fintech brasileira, atrás apenas do Nubank. O aporte será direcionado principalmente para quais áreas?
Esse investimento não é sobre o tamanho do cheque, nem sobre quem entrou, mas é o conjunto de coisas que escrevem a nossa história. O volume do aporte é legal para o país, para o Paraná e Curitiba, e mostra que um fundo como a Advent, que é provavelmente o maior do mundo em pagamentos, validou nossa tese e apostou no nosso negócio.
O investimento é fruto de uma trajetória. Colocamos no plano um IPO nos próximos 12 meses, pensamos em 2022, mas temos que respeitar o nosso tempo e o tempo do mercado.
Devemos seguir esse caminho de crescimento e expansão. No ano passado, tínhamos como meta a expansão para 15 países, e já atingimos esta meta, mas sempre tem onde evoluir. Estamos olhando para aquisições, conversando com uma boa turma, não só no Brasil. Provavelmente teremos novidades nos próximos meses, agora com muito mais segurança que o investimento trouxe.
Sobre as aquisições, quais empresas o Ebanx procura?
A expansão está relacionada principalmente a dois pilares que são volume de pagamentos e receita. No Brasil, conversamos com empresas que estão relacionadas com negócios de pagamentos locais.
As aquisições são importantes, pois fortalecem a expansão regional e de negócios. Dentro das nossas negociações olhamos dois grandes itens: agregar receita e pessoal. Precisamos de empreendedores e equipes para continuar a expansão. Hoje estamos com mil pessoas, e para construir esse sonho, além do investimento, precisamos de gente que faz acontecer. O aporte mira gente, volume de pagamentos, receita, expansão geográfica e expansão de negócios correlatos aos que já fazemos, inclusive com empresas do Paraná e de Curitiba.
A Bolsa de Valores do Brasil também é um plano da companhia? 
É uma opção sempre, mas não é a maior pretensão agora, muito pelo entendimento do mercado que estamos inseridos e do tipo de companhia que nós somos. Hoje estamos falando de uma empresa com mais de 40% da sua receita fora do Brasil, e é um mercado ainda difícil de entender para um investidor regular. Falamos de Nasdaq por conta do acesso ao mercado americano, que é a porta do mundo.
Quatro programas diferentes da Advent investiram em uma única empresa pela primeira vez na história. Qual o diferencial do Ebanx para atingir este marco?
Cada fundo da Advent tem uma vertente específica. Uma de companhias globais, outra de empresas da América Latina, uma de tecnologia e outro específico para pré IPO. Normalmente, cada fundo pega um tipo de empresa. Estamos orgulhosos de entrar nos quatro, pois estamos alinhados com os quatro pilares da Advant. Somos uma empresa focada em tecnologia, na América Latina, em um estágio de evolução pré-abertura de capital.
O Ebanx passou por uma série de mudanças nos cargos entre os cofundadores. O que essas mudanças significam para o Ebanx? Qual a estratégia por trás do novo arranjo?
A minha posição é essa hoje, sou fundador e vou fazer o que for preciso onde for preciso. A divisão de cargos foi no sentido de se concentrar cada um em uma função mais específica para atingir nossos objetivos. O João Del Valle assumiu como CEO, tocando a operação no detalhe do dia a dia, eu assumi a parte de riscos e compliance. O Alphonse Voight focou nas questões estratégicas, nos planos de futuro. Reorganizamos e dividimos para que cada um pudesse atuar na sua própria área com precisão.
O ecossistema de startups registra mensalmente recordes de captações, por outro lado, estamos em um país com inúmeras dificuldades políticas e sociais. Como o ecossistema pode impactar positivamente toda a economia e de fato disseminar esta riqueza?
É um caminho de algumas vias. O cerne do Ebanx já visa trazer desenvolvimento evolução e oportunidade, não só para quem vende, mas para quem compra. A pandemia impulsionou a migração do mundo físico para o online, e estar preparado para atender isso já é uma contribuição.
Outro ponto são as nossas contratações. Temos mil Ebankers (funcionários), 800 no Paraná. Podemos multiplicar esse impacto direto por três na sociedade que nos rodeia. A multiplicação não se dá exatamente através de uma empresa, mas sim de empreendedores. O jeito que podemos impactar é fomentando o ecossistema, fazendo com que novas tecnologias, novos empreendedores e novos negócios apareçam.
A região de Curitiba é uma das que mais cresce com isso. Nós e todas as outras empresas, como Olist e MadeiraMadeira, estamos juntos tentando multiplicar. Já conseguimos ver resultado no Paraná, e também em todo o país.