Parque tecnológico de Toledo

De olho no futuro, Biopark de Toledo aposta em fundo de investimento para atrair novas empresas

Fernando Henrique de Oliveira, especial para o GazzConecta
11/07/2023 12:18
Em 24 anos, o Biopark, parque tecnológico de Toledo, no Oeste do Paraná, pretende ser um dos maiores ecossistemas de negócios da América Latina. Com uma área de 5 milhões de metros quadrados, a expectativa é atrair de 500 a mil empresas, totalizando 30 mil postos de trabalho. A ideia é criar um espaço para que as companhias se desenvolvam de tal modo que possam crescer ano após ano com o apoio do parque, fomentando a economia do estado do Paraná. O foco, neste momento, é apoiar empresas do agronegócio, tecnologia e saúde.
Para chegar a estes objetivos, o Biopark está investindo em uma estrutura capaz de apoiar a chegada de novas empresas, o que inclui desde consultorias a uma incubadora e uma aceleradora de novos negócios para o parque industrial e tecnológico. A novidade é a criação de um fundo de investimentos para a atração de novas empresas.
Atualmente, 166 empresas fazem parte do Biopark. Dessas, mais de 50 são de tecnologia e pelo menos 30 são startups. Ao todo, 30 dessas empresas já receberam aportes do parque, num total de R$ 266 mil já investidos.
“O fundo foi criado pelo parque e seus parceiros com o objetivo de incentivo e atração: incentivo para as empresas que já estão no ecossistema para que a gente possa auxiliar no desenvolvimento delas; e atração, porque várias empresas procuram ecossistemas em que haja um fundo capaz de acelerar seus negócios”, explica Paulo Victor Almeida, vice-presidente do Biopark.
Um dos parceiros do Biopark é a Ventiur Smart Capital, que faz a gestão do fundo. “Mas outros empresários e investidores também participam dos aportes”, revela Almeida.
Outro objetivo do fundo de investimentos é o papel educacional que permeia a criação do Biopark. “Nossa ideia, aqui, é educar os empreendedores sobre como trabalhar com venture capital”, conta Almeida.
Até o momento, a maior parte das empresas que receberam aportes do fundo são empresas de tecnologia com foco na agroindústria. O foco é propiciar a implementação e o desenvolvimento de programas de inovação aberta para a criação de novos produtos e serviços.

Negócios promissores

Uma das empresas já aportadas é a Solusolo, fundada em 2018 e instalada no Biopark no início deste ano. A agrotech é especializada no desenvolvimento de fertilizantes microbiológicos, com biotecnologia japonesa, que restauram a saúde do solo, propiciando novos plantios em áreas degradadas. Uma das vantagens competitivas do produtos é que eles podem ser utilizados em qualquer tipo de plantação, independente do tamanho de cada cultura.
Os irmãos André e Diro Hokari, fundadores da Solusolo, recentemente instalada no Biopark. Crédito: Divulgação.
Os irmãos André e Diro Hokari, fundadores da Solusolo, recentemente instalada no Biopark. Crédito: Divulgação.
No momento, a Solusolo mantém no Biopark uma unidade de pesquisa e desenvolvimento, além da área administrativa. A planta industrial ainda se encontra em Varginha, em Minas Gerais, onde nasceu a empresa. “Mas a expectativa é de que, em três anos, toda nossa unidade produtiva venha para Toledo”, afirma Diro Hokari, fundador da startup.
Hokari acredita que o potencial da agroindústria paranaense pode ser importante para a empresa que já está presente com seus produtos nos estados do Espírito Santo, São Paulo e Minas Gerais. “A gente imagina que o Biopark vai se tornar um dos maiores polos de inovação do agro na América Latina. Estar no Paraná nos abre portas para o nosso mercado”, comenta.
Recentemente, a Solusolo fechou sua primeira rodada de captação com diferentes fundos, totalizando um aporte de R$ 1,3 milhões, dos quais R$ 400 mil vieram do Biopark. Grande parte deste valor será destinado, segundo Hokari, à expansão comercial, marketing e a contratação de mais agrônomos e pessoal de campo.
Outra empresa que também irá apostar na expansão de sua área comercial e em ações de marketing após o aporte do Biopark será a Stac, empresa de base tecnológica focada, inicialmente, na avicultura. A startup traz soluções inteligentes para a gestão e monitoramento da produção agroindustrial.
As soluções da empresa incluem softwares que auxiliam na gestão da produção e sensores para o monitoramento de granjas. Por meio deles, é possível, remotamente de forma automatizada, aferir a qualidade do ambiente, peso das aves, consumo de água e ração, por exemplo, munindo o produtor com informações precisas que ajudam a tomar decisões estratégicas. Com isso, a Stac traz mais segurança e permite maior rentabilidade para seus clientes, hoje espalhados por diversos estados brasileiros.
 Mahuan Abdala, sócio-fundador e CEO da Stac. Crédito: Divulgação.
Mahuan Abdala, sócio-fundador e CEO da Stac. Crédito: Divulgação.
Nascida em 2016 em Foz do Iguaçu, dentro do parque tecnológico de Itaipu, a empresa se aproximou do Biopark no fim de 2022, quando participou de um programa de aceleração capitaneado pela Ventiur. Foi por meio dele que a empresa se aproximou do parque tecnológico de Toledo.
“Houve um interesse mútuo, tanto da Stac, quanto do Biopark, para que a empresa se fixasse no espaço por meio do fundo de investimentos”, conta Mahuan Abdala, sócio-fundador e CEO da startup.
Com duas bases, uma em Foz do Iguaçu e outra em Toledo, a Stac mira expandir seus negócios especialmente para a região Sul do país, onde se concentram os maiores produtores e exportadores de frango do Brasil. “Mas estamos de olho em outros mercados que também estão se desenvolvendo para levar nossa tecnologia e somar ainda mais ao agronegócio do país”, revela Abdala.

Consolidação

O aporte recebido pela Stac está dentro de uma média de outros feitos pelo Biopark até o momento. Nos próximos dez anos, o parque tecnológico pretende aportar ainda mais empresas para consolidar sua estrutura em Toledo, segundo Almeida.
“Queremos ter cada vez mais condições de atrair empresas para nossos distritos industriais, de base tecnológica. Nosso projeto é ter, ainda, um campus de startups, uma grande área para reunir essa densidade empreendedora, com oportunidades, seja por meio de fundos de investimento, seja por meio de aceleradoras e incubadoras, para que possamos tornar melhor os negócios desses empreendedores, além de tornar o parque uma referência”, conclui.