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Curitibana Pontomais passa a fazer parte do ecossistema VR Benefícios e ganha novo nome
A Pontomais está de cara nova. Após o aporte de 2021, e a conclusão da aquisição pela VR em 2022, a startup passa a fazer parte, em sua totalidade, do ecossistema VR. A curitibana ganha também um novo nome e agora se chama VR Gente.
A nova unidade será liderada por Hendrik Machado, fundador da startup, que assume a posição de diretor executivo de vendas digitais da empresa.
Fundada em 2016 com o propósito de transformar o mercado de controle de ponto, a Pontomais foi investida pela VR em 2021, um incentivo que logo se tornou uma aquisição completa meses depois.
“Até a disrupção que trouxemos, as pessoas entendiam o controle de ponto apenas como aquele aparelho que controlava os horários de entrada e saída. Depois das inovações, o controle de ponto passou a ser algo tempestivo, que traz ao colaborador e gestão a participação de uma ação que até então se restringia aos times de departamento pessoal”, diz Hendrik Machado, fundador da Pontomais.
Em seus sete anos de mercado, a startup passou a incorporar tecnologia a outras áreas inerentes ao dia a dia dos times de recursos humanos, o que chamou a atenção da VR e atraiu seu primeiro cheque. “Entendemos que fazia sentido iniciar ali uma parceria”, afirma Machado.
Com o apoio da gigante de benefícios, a curitibana lançou diferentes soluções. Uma delas, a integração do sistema de controle de pontos ao de oferta de benefícios, carro-chefe da própria VR. As duas empresas também passaram a integrar as suas bases de clientes, oferecendo seus produtos principais de forma colaborativa.
“Foi uma experiência de muitos aprendizados, e nos deu a possibilidade de desenvolver e entender o que realmente importa”, diz. Outro projeto piloto foi o lançamento do módulo de controle de férias e folgas, que dá ao colaborador a chance de gerir isso de forma independente, desvinculando-se do RH.
No novo formato de ecossistema VR, que reúne diversas verticais, algumas áreas da Pontomais serão descontinuadas, uma vez que passam a ter funções similares — e por vezes até mesmo duplicadas — à VR. “Podemos dizer que as oportunidades agora são ampliadas dos nossos antigos 300 colaboradores para uma empresa com mais de 1.000 pessoas. Na prática, tudo se amplia”, diz Machado.
Novos produtos e horizontes
Depois do lançamento de produtos e serviços que vão além dos tradicionais vales-refeição e alimentação, responsáveis por coroar a VR como uma das líderes deste mercado no Brasil, a empresa também está anunciando a criação de três unidades de negócio voltadas à mobilidade, comércio eletrônico e gestão de pessoas — este último como fruto da aquisição da startup curitibana Pontomais.
As unidades desempenham papéis distintos no negócio da VR. Em comum, as três compartilham do desejo da companhia em diversificar suas frentes de receita e, assim, manter-se relevante em um contexto em que empresas do setor firmam parcerias e lançam produtos limítrofes aos benefícios de alimentação obrigatórios por lei.
O esforço da VR para competir no acirrado mercado de benefícios a partir da ampliação do seu rol de soluções começou ainda em 2021. Naquele período, a companhia concluiu a aquisição das startups Pontomais, de controle e gestão de jornadas de trabalho; Audaz Tecnologia, de gestão de vale-transporte e mobilidade corporativa e a Global Points, que desenvolve programas de fidelidade e marketplaces. O orçamento para as três aquisições foi de R$ 300 milhões.
Nos últimos dois anos, as três empresas vinham atuando de maneira colaborativa na busca por produtos com algum potencial, e também no desenvolvimento dessas soluções. Porém, eram vendidas separadamente, e mantinham suas carteiras de clientes de forma isolada e com operações independentes.
Agora, a VR decidiu recorrer à unificação de todo o leque de soluções — e de times. A partir deste mês, nasce o ecossistema VR, no qual as empresas adquiridas tornam-se unidades de negócios internas. Serão elas:
- VR;
- VR Shopping (antiga Global Points);
- VR Mobilidade (antiga Audaz Tecnologia);
- VR Gente (antiga Pontomais)
Segundo Karina Meyer, diretora de marca e comunicação da VR, as mudanças vêm na esteira de uma longa jornada em busca de inovação e de soluções que fossem além da alimentação. “Queremos impactar a jornada do trabalhador para além da alimentação, da hora em que ele acorda até o momento em que ele vai dormir”, afirma.
A VR impacta, mensalmente, 4,7 milhões de trabalhadores. Se os cálculos incluírem também os familiares, o total chega a 13 milhões de pessoas, segundo estimativas da própria empresa. “A intenção é impulsionar as empresas e melhorar a gestão de colaboradores de todo o Brasil em uma escala imensa”, diz.
O que vem pela frente
No que depender da VR, o esforço para reforçar a nova vertical voltada à gestão de pessoas e força de trabalho não será pouco. No calendário de lançamentos para os próximos meses, segundo Karina, estão pelo menos três novas soluções.
A primeira delas é um produto de admissão gratuito para pequenas empresas que ainda batalham contras os altos custos dos processos de admissão digitais. Lançado há três meses, o produto já tem mais de mil empresas clientes e a intenção é chegar até 20 mil até o fim do ano.
“Também olhamos para a evolução do nosso superapp, por onde colaboradores podem acessar e controlar toda sua jornada, e seus benefícios de todas as unidades de negócios” explica.
Para os próximos meses, também são esperados produtos para gestão digital de holerites e guarda eletrônica de documentos. “Sabemos como é difícil, especialmente para as pequenas empresas, guardar e gerir toda a documentação para que ela cuide do contrato de trabalho dos trabalhadores de maneira eficiente", diz Hendrik Machado.
Mercado aquecido
Fato é que a unificação demorou. Nos últimos dois anos, a VR vinha estudando maneiras de como criar uma arquitetura de marca capaz de sustentar a tradição de uma companhia criada há mais de 40 anos ao DNA inovativo das novas startups, em uma única linguagem. “Agora, em 2023, é o momento em que internamente nos vemos estruturados e organizados para atender aos nossos clientes, com qualquer marca desse ecossistema. Eles (clientes) podem, agora, nos conhecer com uma divulgação em larga escala”, diz Karina.
A ideia por trás dos lançamentos e de toda a estruturação de um ecossistema está apoiada também na rápida transformação que o mercado de benefícios tem enfrentado. Líderes de mercado, as empresas Ticket, Sodexo e Alelo se movimentam para não perder o passo ante concorrentes dinâmicos vindos do universo de startups e até mesmo de outros países, vide o caso da francesa Swile, que chegou ao Brasil em 2021.
A Alelo anunciou o lançamento de um cartão de benefícios flexíveis de olho em receitas superiores a R$ 1 bilhão. Já fora do oligopólio do setor, startups brasileiras como Caju e Flash também não ficam paradas. A Flash, por exemplo, anunciou recentemente, a unificação de sua plataforma e também a aquisição da startup FolhaCerta, de controle de ponto e jornadas de trabalho — um movimento similar ao adotado pela própria VR ao comprar a Pontomais.
"Nosso desejo é impactar o dia a dia dos colaboradores em todos os seus momentos. E não podemos fazer isso sem considerar a inovação", conclui Karina, que não descarta a possibilidade de novas aquisições e integrações no futuro da VR.