Testes ao longo de 2025
Curitiba fará testes de delivery com drones não tripulados; voo inaugural acontece nesta quarta-feira (27) no Parque Tanguá
A partir do ano que vem, Curitiba vai realizar testes com drones não tripulados para delivery. A cidade foi escolhida como laboratório para realizar estudos, definição de processos e testes práticos para viabilizar o serviço de entregas por drones em ambientes estritamente urbanos, dentro de regulamentação específica e seguindo rigorosos padrões de segurança para os cidadãos e operadores. O voo inaugural acontece na tarde desta quarta-feira (27) no Parque Tanguá. As informações são da Prefeitura de Curitiba.
O projeto é fruto da parceria entre o ecossistema de inovação de Curitiba, o Vale do Pinhão, com a Atech, empresa do Grupo Embraer especializada em aplicações voltadas ao Controle do Espaço Aéreo e responsável por quase 100% dos sistemas de suporte à tomada de decisão neste campo de atividade.
Para o lançamento dos testes, o prefeito Rafael Greca e o CEO da Atech, Rodrigo Persico de Oliveira, vão receber uma encomenda entregue por um drone. O modelo utilizado para o voo inaugural será um VLOS (sigla de Visual Line Of Sight, em que o piloto, em solo, mantém o contato visual direto com o drone). O veículo vai sobrevoar toda a extensão do lago do Parque Tanguá, atingindo a altura do seu belvedere. Será uma subida de, aproximadamente, 110 metros e um percurso de cerca de 900 metros.
Este será um voo simbólico, uma vez que os testes, que começam em 2025, serão mais desafiadores. A implantação do serviço de delivery por via aérea com drones terá outro tipo de veículos aéreos não tripulados: os drones de rotas de BVLOS (sigla para Beyond Visual Line of Sight, para voos além do alcance visual do piloto ou de um observador), o que permite percorrer maiores distâncias.
Testes com drones serão realizados por um ano
A parceria com a Atech foi firmada pela Prefeitura por meio da Agência Curitiba de Desenvolvimento e Inovação, que assinou o acordo de cooperação para o “Projeto de Pesquisa de Operações BVLOS em Ambiente Urbano”. O acordo, válido por um ano, permite o desenvolvimento dos sistemas necessários para assegurar o serviço de forma segura e efetiva, para que seja regulamentado.
A cooperação foi possível pelo o Sandbox Regulatório de Curitiba, criado por decreto municipal em 2021 e que autoriza, de forma experimental e temporária, os testes de produtos e serviços inovadores na cidade, sem a necessidade da totalidade de licenças e alvarás normalmente exigidos. O Sandbox Regulamentário de Curitiba foi criado pelo do Decreto 1885/2021, substituído pela Lei Municipal 16.344/2024, sancionada pelo prefeito Rafael Greca em junho deste ano.
Drones para diferentes tipos de entrega
O assessor estratégico da Atech, João Batista Oliveira Xavier, destaca que a empresa escolheu Curitiba para iniciar os testes por seu perfil de cidade de vanguarda e inovação.
“Escolhemos Curitiba porque é uma cidade voltada à inovação e ao ineditismo. Estamos desenvolvendo sistemas para os drones circularem em grandes áreas e para os diferentes tipos de entregas, desde um remédio de uma Unidade de Saúde para um hospital, até a entrega de uma roupa, da loja para a casa do cliente. E precisamos contar com prefeituras como steakholders, já que os equipamentos vão voar dentro das cidades”, diz o assessor em nota.
Xavier também contou que também pesou para a escolha o fato de que a unidade é responsável pelo controle e gerenciamento do espaço aéreo da Região Sul e adjacências está em Curitiba, o Cindacta II (Segundo Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo). A proximidade facilita o contato a órgãos normativos subordinados ao Decea (Departamento de Controle do Espaço Aéreo).
Desafios e escalabilidade
O projeto vem sendo desenvolvido em fase laboratorial pela Atech há três anos, para que seja levado para os testes em ambiente real em Curitiba. Voos com drones em rotas BVLOS já foram testadas pontualmente no Brasil, em rotas sem concentração de população ou, precisamente, de um determinado local a um posto de distribuição, em ambientes aéreos controlados, mas não em ambiente urbano. Em Curitiba, o objetivo é colocar os drones no espaço aéreo da cidade, em entregas reais, considerando áreas de edifícios, áreas verdes, redes de fiação elétrica e diferentes condições climáticas.
“A prioridade é evitar riscos, garantir segurança e constância nas entregas. Por isso, precisamos avançar nos testes. É justamente esse tipo de voo, urbano, sobre casas e edificações, que vai dar escalabilidade ao delivery por drone”, explica o gerente de Negócios da Atech, Agenir de Carvalho Dias, em nota.
A meteorologia é outro fator a ser considerado nos testes: em escala comercial, as entregas não poderiam, em tese, deixar de acontecer por causa das chuvas. Nesse sentido, a fama curitibana de ter as quatro estações em um único dia também favorece os testes.
Mundo afora, já há algumas experiências práticas do delivery com drones. Na China, há cidades com a entrega comercial de produtos. Nos Estados Unidos, Walmart e Amazon iniciaram operação em Dallas (Texas).
A proposta brasileira a ser testada na capital paranaense será com tecnologia nacional e com base em padrões internacionais e nos conceitos de operação sobre o espaço aéreo divulgados nos Estados Unidos, Europa e Brasil.
Segurança de tráfego aéreo
Uma das empresas do Grupo Embraer, a Atech é líder em soluções tecnológicas para sistemas críticos. Com sede em São Paulo e quase 40 anos de atuação, tem um legado de inovação que começou com o desenvolvimento de sistemas de controle de tráfego aéreo em parceria com a Força Aérea Brasileira (FAB).
A empresa, 100% brasileira, se destaca pela entrega de soluções altamente confiáveis e inovadoras, como os sistemas que asseguram a eficiência do tráfego aéreo no Brasil, e tem ampliado seu portfólio para atender às crescentes demandas globais do mercado corporativo, com soluções inteligentes para setores como segurança pública, energia, logística e cidades inteligentes.
A Atech aplica sua expertise em inteligência artificial para otimizar operações e melhorar a tomada de decisões, mantendo-se na vanguarda da inovação, com especial atenção para a ética e responsabilidade no uso da IA.