Startup lança rastreio de funcionários para impedir contaminações em série

Apesar do novo coronavírus não dar sinais de arrefecimento no Brasil, empresas de diferentes setores já estão se organizando para a retomada dos negócios. E para que as equipes voltem a trabalhar com segurança, a startup paulista Novidá lançou uma solução que promete monitorar o comportamento e a rotina dos funcionários no horário de trabalho, além de apontar aglomerações em tempo real, em um conceito chamado contact tracing (rastreamento de contatos). O objetivo é que, caso sejam confirmadas contaminações por covid-19, a empresa saiba por quais áreas esses funcionários passaram e com quem conversaram para bloquear setores e decidir por afastamentos de forma mais precisa.

Criada em 2016 e incubada por três anos no Cietec (Centro de Inovação, Empreendedorismo e Tecnologia), da USP, a Novidá desenvolveu tecnologia para interação do consumidor com o varejo físico, mas após algumas pivotagens (mudanças no modelo de negócio) se firmou na área de gestão automática de equipes. “Utilizamos inteligência artificial e sensores distribuídos no ambiente e com os funcionários (pelo celular ou por pulseiras). Esses sensores se comunicam e o sistema entende o comportamento e a localização das pessoas”, explicou Fábio Rodrigues, cofundador da startup.

Com a demanda de grandes empresas pela tecnologia, a startup registrou um crescimento de 350% de 2018 a 2019. A expectativa para este ano era de um percentual ainda maior de expansão, mas a crise do coronavírus congelou projetos e traçou  novos rumos para a Novidá, que está incubada no Cubo Itaú, maior hub de inovação da América Latina. “Decidimos criar um novo módulo para a plataforma para ajudar as empresas a tomarem decisões mais assertivas quando um funcionário é diagnosticado com coronavírus”, afirmou o empreendedor.

A tecnologia funciona da seguinte maneira: se um profissional é afastado por estar contaminado com o novo coronavírus, os gestores conseguem puxar um histórico dos setores onde a pessoa passou e com quem ela teve contato antes de entrar licença médica. Com isso, a empresa pode tomar decisões de segurança sanitária de forma ágil.

Segundo o economista, além de monitorar os funcionários durante o horário de trabalho, a solução também promete ajudar na gestão de limpeza dos ambientes — que após a quarentena tende a ser reforçada. “Se a média de tempo para limpeza de um banheiro é de 10 minutos, se o profissional fizer o serviço em cinco minutos, o sistema vai emitir uma alerta ao gestor. Todas as tarefas têm um padrão operacional”, detalhou o cofundador, ressaltando que a tecnologia segue regras de privacidade e aumenta a produtividade da equipe.

Como a plataforma de monitoramento tem alto custo de desenvolvimento, Rodrigues está adaptando uma solução de segurança mais competitiva para pequenas e médias empresas — incluindo startups. “Vamos utilizar hardware de baixo custo. Nossa ideia é que o próprio gestor cadastre os funcionários no sistema e faça os apontamentos que deseja monitorar. Vamos enviar uma caixa com os sensores e ele vai instalar sozinho”, explicou.