Guru do empreendedorismo, Eric Ries diz que brasileiro tem que tirar vantagem de seus diferenciais

"É durante o período de dificuldade que encontramos nossos melhores valores”. Foi desta forma que Eric Ries, considerado o guru do empreendedorismo, definiu como os empreendedores brasileiros devem aproveitar o período de saída da crise e recuperação do Brasil.

Autor do best-seller “A startup enxuta”, que vendeu mais de 1 milhão de cópias em todo o mundo, o norte-americano é o criador da teoria lean startup (que dá nome ao livro). A regra é famosa: crie um produto minimamente viável, teste, mude e teste de novo até chegar a um produto inovador. Quando tiver alcançado um bom resultado, repita o processo novamente.

Em um debate organizado em São Paulo pela startup mineira de big data Zup, no Cubo Itaú (maior hub de empreendedorismo da América Latina), Ries afirmou que as dificuldades econômicas do país tornam o modelo lean crucial para companhias brasileiras, principalmente as de grande porte. “A eficiência é necessária para o corte de custos e o equilíbrio orçamentário. Vocês não têm ideia de como as pequenas e típicas equipes de startups podem ser produtivas em comparação com times tradicionais de grandes organizações”, comparou ele, nesta segunda-feira (4).

Na avaliação do autor, fundadores de empresas, especialmente as hoje gigantes, sempre acreditam que elas são inovadoras. “Nossos filhos são sempre mais bonitos. Os seus podem até complementar os meus, mas os meus são mais bonitos”, ironizou ele ao destacar que esse pensamento pode prejudicar o negócio ante a competitividade do mundo digital. Esse, inclusive, é o tema de seu livro mais recente: “O Estilo Startup”, lançado em 2017. Na obra, Ries defende o lema “pense como uma startup ou morra” em um cenário de incertezas econômicas e sociais.

Questionado sobre possíveis mudanças do modelo lean de 2011 (quando o livro foi lançado) para cá, Ries destacou que a estratégia não é um fim, mas um início. Ou seja, que ela deve ter continuidade e, consequentemente, adaptações, embora não tenha citado quais. “É mais importante aumentar seus horizontes e ter novas ideias do que focar em um modelo específico”, justifica o autor.

A boa notícia para aspirantes ou jovens empreendedores, segundo o norte-americano, é que as startups já nascem estruturadas para indicar o próprio desempenho. Assim, por meio de experimentos é possível entender rapidamente quando uma ideia tem (ou não) futuro. “Desta forma, os empreendedores fecham o negócio antes de ele falir. Por isso, o índice de mortalidade das empresas está caindo. Empreendedorismo é uma jornada de de autodescoberta, basta usar as ferramentas certas”, concluiu.