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Dotada de inteligência artificial, a Jarilo é uma rede social voltada a agricultores e trabalhadores do campo que pretende conectar novas gerações do agro. Crédito: Tiam 13/Bigstock.

Jarilo

Gigante dos fertilizantes, Cibra lança rede social para agricultores e quer se aproximar da nova geração “tech” do agro

Maria Clara Dias
Maria Clara Dias
07/10/2024 18:09
Uma das principais empresas de fertilizantes do Brasil, a Cibra está de olho na nova era do agronegócio, unindo tecnologia e inovação. Para isso, a empresa acaba de anunciar o lançamento da Jarilo, rede social voltada a agricultores e trabalhadores do agro. Dotada de inteligência artificial, a rede nasce com o propósito de conectar as novas gerações do agro, oferecendo uma solução que dialogue com profissionais inclinados à tecnologia e à conectividade no campo.
A rede social vem para conectar agricultores e outros profissionais do setor em um ambiente de interação e troca de conhecimentos. Em uma plataforma própria, eles também interagem, em tempo real, com mecanismos de IA. As conversas servem de palco para a geração de insights sobre o mercado agrícola, sugestões de atuação e boas práticas no campo.
A Jarilo, nome que faz referência ao deus nórdico da agricultura, se contrapõe, porém, ao tradicionalismo - afinal, ela pretende conectar as novas gerações do agro, antenadas à transformação digital e cuja fonte de informação primária é atualmente a internet.
Nesse sentido, a IA da Jarilo segue os moldes do ChatGPT, ferramenta de IA da que tem ganhado popularidade nos últimos meses ao responder perguntas de forma intuitiva. A diferença, contudo, é que a IA da Jarilo é treinada como um especialista no segmento, respondendo até mesmo perguntas mais técnicas — mas com um linguajar de fácil compreensão, explica Rafael França, diretor de agilidade e inovação da Cibra Fertilizantes.
“Desenhamos a Jarilo para ser uma plataforma muito simples, muito prática, muito direta, que consiga atingir esse público com um nível de satisfação muito bom. Não adianta eu querer pegar algo extremamente técnico e trazer para dentro do mercado. Eu tenho que simplificar para o uso daquele público”, diz França. “Faz parte da nossa proposta de democratizar o acesso à IA para o setor”.
Rafael França, diretor de agilidade e inovação da Cibra Fertilizantes. Crédito: Divulgação.
Rafael França, diretor de agilidade e inovação da Cibra Fertilizantes. Crédito: Divulgação.
Além das interações por mensagens, a rede social também permite a criação de comunidades nas quais usuários se conectam a partir de dúvidas ou interesses em comum.

Jornada de inovação

O lançamento também vem na esteira de sucessivas tentativas endereçar produtos tecnológicos à operação de mais de 30 anos da Cibra. Antes da Jarilo, a empresa lançou mão do CibraCoin, criptomoeda própria ligada à rede blockchain e vinculado à cadeia de fertilizantes, e também o Cibra Store, plataforma de e-commerce para o setor.
A avaliação da companhia é de que a necessidade gritante por inovação não parava por aí - e devia olhar também para a adoção massiva de tecnologia por quem está na ponta da cadeia. “Percebemos uma necessidade de caminhar numa outra direção para realmente nos posicionarmos como uma empresa líder de pensamento dentro do agro. Percebemos, então, que o setor tem uma demanda de se unificar e ajudar numa convergência digital do agro como um todo”, avalia.
Os investimentos em digitalização também fazem parte de uma ampla aposta na expansão do negócio em território nacional e na ampliação da capacidade produtiva - recentemente, a Cibra anunciou a abertura de duas novas unidades fabris, uma delas no Maranhão. A disposição para novas empreitadas digitais também acompanha o bom momento da empresa: na última década, a Cibra cresceu 24% ao ano. A título de comparação, a média de crescimento do segmento é de 4%, segundo França.

O futuro da Jarilo

A versão inicial da rede social, já em fase de testes, conta com pelo menos 300 usuários ativos. A proposta é ampliar esse número para 1.500 até o fim do ano.
De acordo com França, a Jarilo caminha para ser mais do que uma rede social baseada na troca de conhecimentos e informações. Com o amadurecimento do uso da rede, a Cibra pretende transformar a Jarilo em uma porta de entrada para a incursão de novas soluções para o público consumidor. “Vamos transformar a Jarilo num ponto central de conexão da agro, onde, ali dentro, a gente vai oferecer outros tipos de solução que vão agregar valor também para a cadeia como um todo”, diz.
Em outra frente, a oferta de um espaço público de conversas tende a ser um campo fértil para a empresa, que pode aproveitar as queixas ali registradas para criar e patentear novos produtos e soluções.
“Em uma rede social na qual as pessoas perguntam coisas, elas estão sinalizando as dores que elas têm. E essas dores permitem que, dentro de uma plataforma digital, a gente tenha agilidade para desenvolver soluções que resolvam aqueles problemas, também explorando uma nova fronteira que, até então, não tinha sido explorada pelo setor”, diz.
O próximo capítulo da jornada digital da Cibra, uma empresa com faturamento na casa dos R$ 8 bilhões, está, a priori, na diversificação de formatos da nova rede social. A Jarilo deve ganhar, em breve, uma versão para celular, assim como uma funcionalidade que permite fazer as perguntas diretamente pelo WhatsApp.