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Felipe Feistler, diretor-geral da SHEIN no Brasil, responsável pela condução do marketplace da gigante chinesa no país.

Expansão nacional

SHEIN chega ao Paraná e quer atrair 1,5 mil vendedores locais para sua plataforma até dezembro

Fernando Henrique de Oliveira
Fernando Henrique de Oliveira
13/09/2024 16:28
A SHEIN anunciou sua chegada ao Paraná, terceira etapa da expansão nacional do seu marketplace iniciada em março deste ano, com a entrada de varejistas de vestuário do Rio de Janeiro na sua plataforma. Minas Gerais foi o segundo estado a ser incluído na estratégia em maio.
No Paraná, a empresa espera alcançar 1,5 mil marcas locais até o fim de novembro, permitindo que elas comercializem seus produtos no marketplace da gigante varejista global para uma base de mais de 45 mil clientes no país. 
A operação da empresa chinesa no Paraná vai se concentrar nas cidades de Cascavel, Curitiba, Londrina e Maringá. Cerca 200 sellers das quatro cidades participaram da fase de testes iniciais antes do anúncio oficial da expansão para o estado. Eles foram necessários para avaliar o desempenho dos vendedores antes de um lançamento mais abrangente.
Um dos casos bem-sucedidos veio de Maringá. A VM Jalecos e Acessórios, que produz e comercializa jalecos e pijamas (conhecidos como “scrubbies”) para esteticistas, pesquisadores e estudantes, começou a atuar na plataforma da SHEIN em setembro de 2023 e viu seu faturamento aumentar em 888% até julho de 2024. 
Para fazer parte do marketplace da SHEIN os vendedores precisam preencher quatro requisitos principais: CNPJ ativo, qualidade dos produtos, capacidade de criação de moda e conformidade com a legislação brasileira. A empresa proíbe expressamente a comercialização de produtos falsificados. A plataforma também não aceita revendedores, focando apenas em produtores que criam suas próprias peças. O cadastro para novos vendedores pode ser realizado pelo site.

Estratégia pioneira

O marketplace da SHEIN no país é voltado para vendedores locais e tem como objetivo aumentar a oferta de produtos acessíveis aos consumidores. O Brasil foi o primeiro país a adotar a ferramenta para a oferta de produtos locais em 2022. 
Com foco em moda, beleza e lifestyle, além de produtos para casa, a plataforma oferece um espaço diferenciado em comparação a outros concorrentes, proporcionando menos concorrência e maior visibilidade para os vendedores. A SHEIN também apoia os micro, pequenos e médios empreendedores, ajudando-os a estruturar e fortalecer suas marcas no mercado.
Atualmente, o marketplace já responde por 55% das vendas da SHEIN no Brasil, com a previsão de chegar a 85% das vendas de produtos locais até 2026. A plataforma disponibiliza sua robusta infraestrutura logística e campanhas de marketing para apoiar os vendedores. 
Além disso, a empresa conta com uma marca nacional, a "SHEIN Brasil", lançada em abril de 2023, que já produziu mais de 2 milhões de peças em parceria com fabricantes nacionais, reforçando o compromisso com a produção local. Brasil e Turquia são os únicos países com produções locais fora da China
A expansão do marketplace da SHEIN está acontecendo de forma gradual. Além do Rio de Janeiro, Minas Gerais e, agora, o Paraná, a estratégia inclui Santa Catarina e Rio Grande do Sul. A escolha do Paraná foi estratégica, devido à proximidade com São Paulo e centros logísticos em Guarulhos, além de seu setor têxtil forte, ampliando o alcance da plataforma no país.

Modelo de negócio

O Brasil é um dos cinco principais mercados da SHEIN no mundo. A atuação da varejista global no país se concentra em dois modelos de negócios, o 1P (first-party), no qual ela compra e vende produtos fabricados na China com sua marca; e o 3P (third-party), ou marketplace, que conecta vendedores diretamente à plataforma da SHEIN, cobrando apenas uma taxa de 16% por transação. 
Em troca, os vendedores têm acesso a mais de 45 milhões de consumidores, campanhas de marketing e soluções logísticas oferecidas pela empresa. Isso inclui apoio para desenvolvimento de marcas próprias e serviços de entrega, facilitando a operação de pequenos e médios empreendedores.
Segundo a empresa, o aplicativo da SHEIN personaliza a experiência do usuário, oferecendo produtos com base em comportamentos e preferências individuais. Para os vendedores, o aplicativo facilita o acesso a um mercado consumidor amplo e proporciona suporte para o crescimento das vendas.
Atualmente, há cerca de 25 mil vendedores brasileiros cadastrados na plataforma, desenvolvendo suas marcas e oferecendo produtos que atendem à demanda local. A logística integrada da SHEIN ajuda a reduzir custos e melhorar a eficiência, beneficiando todo o ecossistema.

Estratégia de regionalização

E quanto a atender demandas locais, o diretor-geral da SHEIN no Brasil, Felipe Feistler, destaca a importância de adaptar a oferta de produtos à realidade e necessidades de cada região do país. Para ele, a estratégia de regionalização é importante para a varejista, uma vez que o mercado brasileiro tem variações significativas de estilo e demanda conforme o estado. 
“A moda no Brasil é altamente regionalizada e estamos atentos às especificidades de cada região para garantir que o marketplace atenda às preferências locais. Isso é essencial para o nosso sucesso, porque o Brasil é um país continental, com realidades muito diversas", diz.
Ele também menciona como a regionalização dos produtos faz parte da estratégia de crescimento da empresa. "Queremos que os vendedores locais ofereçam produtos que façam sentido para as regiões onde atuam, e que os consumidores encontrem itens que realmente reflitam as suas preferências e necessidades locais".
O diretor também acredita que a moda do Paraná pode atender não apenas às necessidades locais mas também todo o país. “Estamos muito animados com a nossa nova unidade no Paraná, um estado que representa um mercado estratégico para a SHEIN devido ao crescimento econômico e à demanda crescente por moda acessível na região”, revela. 
“Acreditamos que a localização estratégica e o ambiente de negócios favorável do estado vão nos permitir oferecer uma experiência ainda melhor para nossos clientes. Nosso compromisso com o Brasil é profundo. Acreditamos que, ao entender e atender às necessidades dos brasileiros, podemos contribuir significativamente para nossa missão global”, comenta.

Controle de qualidade

Nos últimos anos, a SHEIN implementou um sistema de controle de qualidade rigoroso, não só para a entrada dos vendedores, mas também com monitoramento periódico para garantir que os produtos atendam aos padrões elevados. A empresa utiliza informações em tempo real para garantir que os vendedores mantenham os padrões de qualidade. Caso os eles não sejam atendidos, são feitas intervenções e, eventualmente, a remoção do seller da plataforma para preservar a integridade da SHEIN, revela Feistler.