Marcas na crise do coronavírus
7 ações que fizeram do Magazine Luiza a marca mais bem avaliada durante crise
Com a crise do novo coronavírus, os consumidores brasileiros se tornaram mais racionais e conscientes justamente porque estão mais emotivos e envolvidos com as consequências da pandemia no mundo. Nesse verdadeiro paradoxo entre racionalidade e emoção, se destacam marcas que reforçam seus valores e se posicionam a favor da do bem comum. Isso é o que aponta levantamento nacional realizado com 300 entrevistados entre 28 de abril e 1º de maio pela ESPM Rio (Escola Superior de Propaganda e Marketing).
A pesquisa quantitativa mostrou as cinco principais marcas que são lembradas de forma positiva por seus valores sociais. A primeira empresa apontada pelos entrevistados foi a Magazine Luiza, popularmente chamada de Magalu. Em segundo lugar, está Ambev, seguida por Rede D’Or, Itaú e iFood, respectivamente.
Na extremidade oposta do ranking, a ESPM Rio destacou a rede de restaurantes Madero e a rede varejista Havan como destaques negativos durante a pandemia, por conta da demissão de 600 funcionários e suspensão de contrato de 11 mil pessoas no país durante a quarentena, respectivamente. Também foram lembrados pelos entrevistados o cantor Gustavo Lima e a influenciadora digital Gabriela Pugliesi.
“Nenhum marketing consegue fazer a empresa ser o que ela não é. A Luiza Helena Trajano [presidente do conselho do Magazine Luiza] se posiciona com clareza e os valores dela passam para a empresa. Ela, inclusive, deve inspirar outros empreendedores”, avaliou Karine Karam, pesquisadora da ESPM Rio e responsável pelo estudo.
De acordo com Karam, o Magazine Luiza é um caso de sucesso no mundo dos negócios porque a empresa se posiciona desde o início da pandemia sem ficar em cima do muro.
“A marca primeiro fechou todas as lojas. Depois, pediu para os comerciantes não demitirem e para a população ficar em casa. Em abril, a Magalu fez uma doação de R$ 10 milhões para o combate ao coronavírus e dobrou benefício para funcionárias mães que não fazem home office. Em maio, criou uma plataforma para empreendedores venderem em seu e-commerce e, na semana passada, lançou uma campanha contra violência doméstica”, pontua.
CEO do Magazine Luiza, Frederico Trajano, filho de Luiza, afirma que os diferenciais da marca não estão nos produtos vendidos ou nas promoções oferecidas, mas na preocupação que a empresa tem com clientes e funcionários. “Estamos acompanhando de perto a evolução das coisas. Por isso, não devemos ser uma das primeiras redes a reabrir as lojas. Só faremos isso quando estivermos seguros de que não haverá risco".
Ações do iFood
Como o Magalu, o iFood também teve de alterar prioridade de projetos e campanhas de marketing inteiras rapidamente por conta da pandemia.
"Criamos fundos para restaurantes e para entregadores e desenvolvemos uma forma de distribuir álcool em gel e máscara sem gerar aglomerações. Também lançamos a entrega sem contato e incluímos o vale-refeição como forma de pagamento para os usuários que estão em quarentena de suas casas. Estamos agindo em muitas frentes para realmente fazer a diferença na vida das pessoas", afirmou Bruno Montejorge, diretor de Comunicação e Soluções Sustentáveis do iFood.
Desde o início da quarentena, a startup investiu mais de R$ 25 milhões em ações para entregadores e R$ 100 milhões em auxílio para restaurantes parceiros.
Pandemia redefine valores
Com a quarentena, os consumidores estão redefinindo valores, se reinventando como pessoa e reavaliando marcas, destacou Karine, da ESPM Rio. “É possível que Madero e Havan resgatem seus clientes no decorrer do tempo. Dizem que brasileiro tem memória curta, mas acredito que apenas as marcas que forem íntegras e bacanas não serão esquecidas após essa pandemia”, conclui ela.
Procurados pelo GazzConecta, Madero e Havan não responderam sobre o resultado da pesquisa até o fechamento da reportagem.
Em nota, na época da suspensão de contratos, em abril, a Havan afirmou que "foi uma das primeiras empresas a utilizar a Medida Provisória (MP) 936/2020 que permite a suspensão do contrato de trabalho por até 60 dias".
Junior Durski, fundador do Madero, disse à Folha de S. Paulo, em abril, que o dia das demissões “foi o mais triste de sua vida” e que o corte afetou principalmente funcionários em treinamento.