Youtube, Netflix e Amazon
10 apps mais usados no Brasil durante isolamento mostra escalada nos streamings
Um estudo realizado pelo Núcleo de Marketing e Consumer Insights (Numa) da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) mostrou que os apps de streaming estão entre os mais usados pelos brasileiros durante o isolamento social provocado pelo novo coronavírus. O YouTube (3º lugar; 75% de uso), Netflix (4º; 68%), e Amazon Prime Video (7º; 24%) foram destaques da pesquisa, realizada exclusivamente para entender o impacto do consumo da tecnologia na rotina dos consumidores durante a quarentena.
Na lista com dez aplicativos, o WhatsApp foi eleito o mais usado no período, presente na rotina de 97% dos brasileiros, seguido pelo Instagram (88%) — ambos do Facebook. Chama atenção também o posicionamento da plataforma de videconferências Zoom, usado por 52% da amostra. Já entre os apps de delivery, o iFood foi o mais usado de sua categoria por 41% dos pesquisados.
O estudo da ESPM considerou múltiplas respostas e contou com uma amostra de 387 pessoas. Destas, 60% são mulheres, 51% são estudantes e 27% têm uma renda família R$ 20 mil — ou seja, fazem parte da classe A.
“Redes sociais e apps de streaming cresceram por aproximar as pessoas durante o distanciamento social e ajudá-las a fugir da dura realidade que estamos vivendo. O rápido crescimento do TikTok mostra essa tendência, uma vez que é focado em entretenimento”, explica Helder Haddad, pesquisador do NUMA ESPM.
Segundo o professor, apps de delivery e, principalmente, de conferência online, como Zoom e Microsoft Teams, também ganharam destaque este ano, já que grande parte dos profissionais teve — e ainda tem — de fazer home office. “Além do iFood, também foram citados UberEats e Rappi, mas eles representavam apenas 14% da amostra, enquanto o iFood foi citado quase três vezes mais”, calcula Haddad, ressaltando que o poder de compra das pessoas pesquisadas é alto.
Ansiedade em alta
Outro aspecto analisado pelo Numa foi a motivação e as sensações causadas pelo uso dessas tecnologias. Entre as motivações mais citadas estão distração (73%), bem-estar (58%), ansiedade (48%), cansaço (41%) e solidão (28%). As incertezas sobre o futuro e a distância de familiares e amigos justificam a angústia dos brasileiros neste período, segundo especialistas.
“Quando a gente trabalhava em escritório, a gente tinha tempo para socializar. Hoje, todo tempo livre que temos, usamos para encaixar tarefas de casa ou agendar reuniões. Perdemos a noção das horas e estamos mais angustiados e com medo”, avaliou Luna Gutierres, coordenadora do MBA em marketing digital da FIAP (Faculdade de Informática e Administração Paulista).
Haddad, da ESPM, explica que os usuários pesquisados utilizam os aplicativos para combater a ansiedade e a tensão gerada pela pandemia. O excesso, contudo, resulta em ainda mais cansaço, estafa e solidão. “Uma tela, duas telas, três telas. Você está na frente do computador, pega o smartphone e liga a TV — tudo ao mesmo tempo. O excesso de tecnologia afeta nosso funcionamento cerebral durante o dia”, alerta.
Na dose certa, Leda vê com bons olhos as tecnologias utilizadas pelos brasileiros durante esse período de isolamento social. “Precisamos ponderar o quanto esse escapismo não nos angustia. Dá para usar o conteúdo dos aplicativos para sair da realidade e aprender coisas novas, desde crochê, à moda e novos idiomas. As redes sociais democratizam muito o aprendizado”, exemplifica a professora da FIAP.
Na pesquisa da ESPM, inclusive, 38% dos respondentes disseram que utilizam os aplicativos para novos aprendizados, 77% para curtir o tempo livre, 73% para conversar com familiares e amigos. Outros 43% alegam que o uso reduz o estresse.
Para as gigantes de tecnologia, como Google, dona do YouTube, e Facebook, que administra o Whatsapp, o importante é que os hábitos de consumo de tecnologia que os brasileiros adquiriram em quatro meses não voltem ao que eram no passado, avalia Ricardo Cavallini, professor de inovação e tecnologia da SingularityU Brazil.
“O consumo de tecnologia não vai voltar à estaca anterior à pandemia. As pessoas estão experimentando coisas novas e, consequentemente, migrando. Eventos que não agregarem nada de diferente em relação à versão online, não vão mais acontecer. O mercado está mudando”, analisa ele, que é embaixador do MIT Sloan Management Review Brasil.
Influenciadores têm novos propósitos
Reflexo do consumo de tecnologia da população, os influenciadores digitais também estão faturando mais dinheiro com apps e redes sociais de entretenimento durante este período de pandemia — principalmente YouTube, Instagram e TikTok.
“Há muitos influenciadores promovendo debates de temas importantes em parceria com grandes marcas. Nesse momento, produtos e serviços são bem menos relevantes do que a criação de movimentos. O que a sua marca pode trazer de conteúdo pertinente aos usuários?”, questiona Isabela Ventura, CEO da Squid, startup de marketing de influência.
Sondagem realizada pela empresa em abril, com 3.566 usuários de Instagram de todo país, corrobora a avaliação da empreendedora: 67% dos respondentes consideram que as marcas deveriam continuar com propagandas nas redes sociais, mas com uma nova abordagem — “um olhar mais humano sobre o mundo”.
E dentro dessa mudança, Isabela explicou que há oportunidades para influenciadores que produzem conteúdos ligado à gastronomia, saúde, jardinagem — na temática do “faça você mesmo”. “O mercado desacelerou bastante no início da pandemia, mas o impacto passou e os profissionais entenderam as mudanças. A Squid cresceu 150% no segundo trimestre deste ano, em relação ao mesmo período de 2020”, destaca ela, que afirma ativar por volta de 3 mil influenciadores por mês no país.