Edtechs
Edtechs brasileiras dobram número de alunos EaD durante crise
A crise do novo coronavírus exigiu mudanças imediatas no estilo de vida dos brasileiros. Em quarentena, grande parte da população trocou o escritório pelo home office e a escola pelo computador, na chamada educação à distância. Neste cenário, ganham evidência as startups de educação, que conectam as tradicionais instituições de ensino e universidades ao que existe de última geração em tecnologia.
Segundo o “Mapeamento Edtech 2019”, existem 449 startups no país, 80% delas com sede nas regiões Sul e Sudeste. Do total de empresas, 34,7% são plataformas de conteúdo online, 10% de ferramentas de apoio à gestão e 9,34% de jogos educativos.
A pesquisa, divulgada pela Abstartups (Associação Brasileira de Startups), mostra que 48,11% das edtechs atendem os ensinos fundamental e médio, 22,49%, o infantil e 16,93% oferecem cursos livres. “As startups de educação cresceram 23% de 2018 a 2019. Este ano, o aumento deve ser ainda maior porque que a crise forçou a educação a se relacionar com a tecnologia”, afirma Daniel Fazoli, diretor de operações da associação.
Na avaliação de Fazoli, as escolas de educação básica estão se modernizando para facilitar o aprendizado de crianças e jovens por meio da tecnologia. “O leque de oportunidades para as startups na educação básica é maior. A má distribuição de renda prejudica o acesso à internet, mas defendo que levar professores e equipamentos a uma região distante do país exige mais recursos públicos do que oferecer conexão à população”, analisa o diretor.
No Brasil desde 2017, a marca russa Drangonlearn firma parcerias com grupos de escolas e secretarias do estado para a oferta de exercícios interativos de matemática e inglês a alunos do 1º ao 9º ano do ensino fundamental. Os pais também conseguem adquirir o serviço pelo site por R$ 32 ao ano por disciplina. Desde o início da quarentena, em março, a plataforma educacional conquistou 100 mil novos alunos.
“A crise acabou antecipando uma mudança de cultura que ia acontecer. Muitos pais cadastraram seus filhos na plataforma para ajudá-los nas tarefas agora que as escolas estão fechadas. Devemos crescer 50% em relação aos dois anos anteriores”, avalia Frederico Faria, diretor da Dragonlearn no Brasil.
Com sede em um coworking de São Paulo, a empresa conta com 10 mil exercícios interativos armazenados em seu banco de tarefas, produzidos por pedagogos, designers, entre outros profissionais. “Com inteligência artificial, acompanhamos a trajetória do aluno e identificamos as dificuldades de cada estudante e criamos trilhas individuais”, garante Faria.
Robôs fluentes em inglês
A inteligência artificial também é aliada da ChatClass para os jovens aprenderem inglês pelo WhatsApp. De acordo com Jan Krutzinna, fundador da edtech, robôs trocam mensagens e exercícios com os alunos sem que eles precisem fazer o download de outro aplicativo. Além disso, os “bots” analisam as respostas enviadas pelos estudantes e dão nota para as tarefas. A tutoria interativa, vale destacar, é gratuita.
“Aprendi muito sobre o mercado do Brasil e vejo um potencial muito grande para minha empresa crescer aqui, principalmente em escolas públicas. O brasileiro investe muito para aprender inglês porque o ensino é muito elitizado no país”, avalia o executivo, que nasceu na Alemanha e se formou em Harvard, nos EUA.
Segundo Krutzinna, a ChatClass também oferece uma opção premium, que funciona como um curso completo com professores nativos para quem deseja aprender inglês ou obter fluência no idioma de forma rápida. Neste caso, o serviço é pago, embora esteja sendo oferecido de graça neste período de quarenta. “Mais de 25 mil pessoas de todo Brasil estão aprendendo inglês por esse novo serviço”, contabiliza.